O forró melancólico de Marcelo Jeneci

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O paulistano Marcelo Jeneci se aprofunda na Caravana Sairé (2023) com o novo Night Clube Forró Latino – Volume I, segundo capítulo de seu mergulho de volta às raízes forrozeiras e à origem pernambucana de seus pais e avós. O novo álbum amplifica o arco de Caravana Sairé, elegendo relançar sucessos radiofônicos de vários gêneros musicais e épocas na linguagem forró pop de Marcelo Jeneci.

Night Clube Forró Latino é, em larga medida, oposto ao vibrante e ensolarado Caravana Sairé. Agora predominam versões melancólicas, choradas na sanfona, para outra leva de releituras em passo e compasso de forró. O tom menor predomina mesmo quando a canção escolhida é o pop eufórico “Amor de Que” (2019), lançado pela maranhense-paraense Pabllo Vittar, que Jeneci canta ao lado do astro pernambucano do piseiro João Gomes. Marcelo e João rompem um tabu cantando o “amor de quenga” de Pabllo, mas cedem à caretice ao transformar o trecho “veja bem, não é maldade/ é que tem tanto homem bonito na cidade” em “é que tem tanta gente linda na cidade”.

No mesmo pique, “Sei de Cor“, em dueto com a paraense Gaby Amarantos, transpõe para o forró o hit lançado em 2016 pela sertaneja goiana Marília Mendonça. Um lirismo manso e tristonho forra de beleza “Um Sonhador“, sucesso original em 1998 nas vozes dos goianos Leandro & Leonardo.

Na vinheta semi-musical “Jeneci por Jeneci”, Marcelo narra a saga da família (e a sua própria). “Eu me criei entre sanfonas e equipamentos eletrônicos. Meu pai, seu Manoel Jeneci, de Sairé, era o maior eletrificador de sanfona do Brasil, do Nordeste pro Brasil”, começa, antes de mencionar padrinhos musicais como o pernambucano Dominguinhos e o paraibano Chico César, esse o primeiro a inserir a sanfona do jovem Marcelo em sua música.

A vinheta abre caminho para a participação de Chico César, que confirma a proposição de “Jeneci por Jeneci”, de que “é tudo forró”, transformando em xote o reggae “Árvore“, do baiano rebelde Edson Gomes. “Vem me regar, mãe/ vem me regar”, cantam padrinho e afilhado, em levada de xote-reggae.

O mesmo procedimento orienta a conversão em forró do samba carioca de Jorge Aragão, em “Eu e Você Sempre” (2000), sucesso com o grupo paulista de pagode Exaltasamba, e do soul paraibano de Cassiano, em releitura tristonha e sensível de “A Lua e Eu” (1976). Mais surpresas devem surgir no volume 2 do Night Clube Forró Latino, com data de lançamento ainda incerta.

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