Mario Frias e Flávio Bolsonaro

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, padrinho político do ex-secretário Especial de Cultura e candidato Mario Frias (PL-SP), postou no último final de semana, no Twitter, uma animação que supostamente representa o projeto Casinha Games. O post foi retuitado pelo senador Flávio Bolsonaro, ambos claramente buscando dar uma “mãozinha” à candidatura do seu ex-servidor.

A animação é primária, de produção tosca, e repete o factoide inventado por Frias quando foi flagrado “reservando” 4,6 milhões de reais do Fundo Nacional de Cultura (FNC) para seu único programa – o caso foi denunciado com exclusividade pelo FAROFAFÁ em setembro de 2021. A peça é virtual por um motivo simples: ainda não existe nenhum centro cultural erguido (ou adaptado) até agora pelo tal Casinha Games, plano de tal precariedade que foi achincalhado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em decisão de 4 de maio. Segundo o TCU, o Casinha Games “não tem ideia de qual é seu público-alvo, não tem objetivos, custos e metas definidos, não realizou pesquisa adequada de custos de mercado, atenta contra o princípio da impessoalidade e não é nem razoável nem econômico”.

O rol de irregularidades, disparidades e aberrações do projeto levou o TCU a interditar o presumível andamento do projeto nas cidades de Queimados (RJ), Sobradinho (DF) e Salvador (BA), “até que sejam identificados locais pré-existentes e adequados para receber o projeto Casinha Games em seu modelo de Estrutura Permanente, garantindo o atingimento de seus objetivos, de forma adequada e econômica”, disse decisão do tribunal.

O tuíte dos Bolsonaro virou objeto de chacota entre os seguidores do deputado e do senador. “Flávio, você joga The Sims versão Mansão?”, perguntou Marcelo Dias. A ironia é referência à mansão milionária que o senador Bolsonaro comprou em Brasília e até agora não conseguiu demonstrar a origem dos recursos. “Fonte: vozes da tua cabeça”, escreveu Isabella sobre o vídeo. “O projeto é tão real que precisaram fazer desenho para mostrar. Kkkkkk”, afirmou outro. “O povo vai almoçar e jantar joystick?”, brincou um tuiteiro.

Mario Frias dizia que a ideia de construir centros culturais para jogos de games era sua, mas sua ex-equipe incorporou, ato contínuo, um projeto privado da empresa Ghost Jack Entertainment, de Belo Horizonte, um plano pré-existente. Esse contrato foi considerado pelo TCU com “indícios de comprometimento da impessoalidade” e, por causa disso, o tribunal recomendou ao governo federal que proceda com “alta diligência no monitoramento e na avaliação dos convênios seguintes, de forma a demonstrar a não ocorrência de comprometimento da independência da secretaria, em função do fato de ser ela própria a proponente original do objeto conveniado“.

Frias está disputando a eleição para deputado federal, mas sem realizações a apregoar e sem projetos para apresentar, o máximo que conseguiu até agora foi polarizar com Rosangela Moro, mulher do ex-candidato a presidente Sergio Moro e pré-candidata por São Paulo.

Após saírem de seus cargos, os agressivos integrantes da principal tropa de choque da Guerra Cultural de Jair Bolsonaro voltaram à irrelevância na qual viviam antes, e estão tendo dificuldades para fazer campanha longe dos fóruns de ataques diários à área cultural do País. A tentativa trapalhona dos Bolsonaro de ajudar Frias demonstra o fiasco que estão sendo essas candidaturas de extrema-direita, quase todas em busca de foro privilegiado.

Confira a curiosa “peça” de propaganda do grupo bolsonarista:

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