Cena do filme
Cena do filme "Roda do Destino", de Ryusuke Hamaguchi - Foto: Divulgação

Três histórias independentes que se relacionam sob o olhar de Ryusuke Hamaguchi, diretor de Roda do Destino, transformado num filme devido ao elo do acaso. A produção, agora em exibição em streaming, se ancora em protagonistas femininas que abordam principalmente a modernidade nos relacionamentos, sexualidade e amor.

A sensibilidade na forma como os personagens se expressam é evidente em Roda do Destino, vencedor do Grande Prêmio do Júri, no Festival de Berlim de 2021. Entrecortado por diálogos essenciais, o enquadramento das cenas estabelece uma intimidade com o interlocutor, com cenas demoradas e espaços de silêncio causando um tensionamento. O uso do tempo de maneira inteligente faz a história fluir, e funciona como uma extensão necessária para digerir e estabelecer a relação entre as três histórias.

A primeira história trata de um amor mal finalizado do passado de Meiko (Kotone Furukawa). Agora ela é levada a resgatar essa história quando percebe que está em uma disputa com sua amiga. O acaso a leva a debater sobre não-monogamia, um aspecto que engatilhou uma adversidade no passado. Em seguida, temos uma história que se passa num ambiente escolar, entre dois jovens que se encontram casualmente e um professor romancista. A terceira narra um amor lésbico da época do colégio, quando os anos se passam e a protagonista parte em busca desse reencontro.

A narrativa é repleta de sentimentos ocultos. O diretor explora um tom libidinoso e ousado, além de abordar as possibilidades do destino, porém sem que haja arrependimentos por parte dos personagens.

Hamaguchi manifesta em Roda do Destino o seu estilo de dirigir, revelando seu gosto por curta e média-metragem e a forma subjetiva de tocar em pontos sensíveis. A produção é um filme posterior a Drive My Car, Oscar 2022 de Melhor Filme Internacional. Ter mais de uma produção em curto período de um diretor que é de fora do circuito hollywoodiano traz à tona narrativas únicas e originais e pode-se acreditar que um novo caminho está sendo traçado pelas produções cinematográficas não-estadunidenses.

* Resenha produzida para o Centro de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação da Universidade de São Paulo (Celacc-USP)

Roda do Destino. Japão, 2021, 121 mins. Em streaming no Belas Artes À Lá Carte.

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