“Tarsilinha”, de Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, é inspirado na obra da pintora modernista; premiado internacionalmente, longa-metragem não é uma biografia

Estreia hoje (17) nas salas de cinema brasileiras o longa-metragem de animação “Tarsilinha”, dos diretores Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, sócios na produtora PinGuim e criadores de sucessos como “Peixonauta” e “O show da Luna”. O filme estreou internacionalmente no Festival de Xangai (China), levou o troféu de melhor longa-metragem de animação latino-americano no Festival Chilemonos (Chile) e foi selecionado para o Festival de Chicago (EUA).
No Brasil, a estreia acontece no ano em que se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna, evento que deixou marcas indeléveis na cultura brasileira e oportunamente volta a ser alvo de interesse – exposição, caixa e diversos debates têm movimentado a agenda, para o bem e para o mal.
“Tarsilinha” não é, como se pode supor, uma biografia da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), nem mesmo um recorte da infância da artista. É um filme de aventura, que homenageia a autora do “Abaporu” (1928), a mais valiosa tela das artes plásticas brasileiras, óleo sobre tela estimado em 40 milhões de dólares, pertencente ao acervo do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba).
A homenagem a Tarsila do Amaral se reflete no uso de algumas de suas mais famosas telas e personagens como cenários e paisagens da aventura em que se mete a pequena Tarsilinha do título, que “leva na mochila coragem sem fim”, como diz a letra da canção de Zeca Baleiro – interpretada por ele em dueto com Ná Ozzetti –, que assina a trilha sonora do filme com Zezinho Mutarelli.
“Tarsilinha” se desdobra em várias camadas, quando o espectador passa a acompanhar a menina, que parte em busca da memória da própria mãe. É um filme que demonstra a importância da memória, do diálogo entre culturas, respeito, amadurecimento, coragem e sobre a própria arte: no decorrer da trama, com mais ou menos sutileza, parecemos estar percorrendo um museu dinâmico, onde as obras de Tarsila do Amaral ganham vida, com personagens como a lagarta e o funcionário da estação de trem recebendo as vozes de Marisa Orth e Marcelo Tas, respectivamente.
Um filme para ser visto não apenas por crianças, mas que serve para apresentar, sobretudo a elas, o vasto universo de Tarsila do Amaral, através de telas bastante conhecidas, como o citado “Abaporu”, além de “Estrada de Ferro Central do Brasil” (1924), “A Cuca” (1924), “O lago” (1928), “Sol poente” (1929), entre outras.
Os diretores Celia Catunda e Kiko Mistrorigo foram entrevistados por este repórter e Gisa Franco, sábado passado (12), no programa Balaio Cultural, na Rádio Timbira AM. Assista:
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Veja o trailer de “Tarsilinha”, de Celia Catunda e Kiko Mistrorigo:
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