O ex-secretário de Cultura de Bolsonaro, Helio Ferraz, posa com metralhadora nas redes sociais

O governo de Jair Bolsonaro encaminhou ao Senado Federal nesta sexta-feira, 10 de dezembro, o nome de Hélio Ferraz de Oliveira para ocupar o cargo de diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine) nos próximos 5 anos. Oliveira é o Secretário Adjunto Especial da Cultura, o número dois de Mário Frias. Uma de suas proezas no governo foi ter ido com a Polícia Federal à sede da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, em agosto de 2020, para retomar a sede do maior acervo audiovisual da América Latina e despejar seus técnicos e servidores.

Hélio Ferraz de Oliveira está indicado ao cargo de diretor da Ancine na vaga deixada por Mariana Ribas, e seu mandato deverá começar em 25 de junho de 2022. Ele deverá ser sabatinado pelos senadores, mas essas sabatinas têm se constituído numa mera praxe; congressistas, enrodilhados pelas benesses do “orçamento secreto”, têm aprovado até cascas de laranja do governo. Sua nomeação já se constitui, assim como a atual direção colegiada da Ancine, em uma das “heranças malditas” que Bolsonaro deverá deixar na Cultura para a próxima gestão, que se iniciará em 2023.

Hélio Ferraz, que hoje está em Dubai, no Emirados Árabes, participando de uma conferência mundial sobre Economia Criativa, chegou ao governo com as credenciais de ter sido produtor de um game show protagonizado por Mario Frias na Rede TV, e sua agenda recente mostra justamente encontro com executivo daquela rede de comunicação.

Tanto Helio Ferraz de Oliveira quanto Mario Frias foram denunciados criminalmente por prevaricação na gestão da Cinemateca Brasileira, agora sob cuidados provisórios da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC). Prevaricação é o crime cometido por servidor público quando retarda uma ação para defender o patrimônio pelo qual é responsável ou deixa de cumprir deveres do seu cargo. A representação foi apresentada pelo deputado paulista Carlos Gianazzi (Psol-SP) ao Procurador-chefe da Procuradoria Geral da República em São Paulo, Marcio Schusterschitz da Silva Araújo.

Ainda nesta sexta-feira, Bolsonaro indicou ao Senado Federal o nome de João Paulo Machado Gonçalves para exercer, também a partir de 22 de junho de 2022, o cargo de Ouvidor-Geral da Ancine. Conforme Farofafá noticiou em outubro, Gonçalves foi nomeado interino no cargo e era o braço direito do general Walter Braga Netto quando este foi Ministro Chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro – Braga Netto agora é o Ministro da Defesa. A indicação de Gonçalves mostra a consolidação de uma estratégia bolsonarista de promover interinidades eternas dentro da Ancine, fazendo com que a presença de seus aliados na condução da agência (e da censura) não seja ameaçada – Alex Braga Muniz terá ficado mais de 7 anos na Ancine quando finalmente sair, e o novo Ouvidor já terá esticado para quase 6 anos sua permanência, contando o período na interinidade.

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