Sítio de Burle Marx no Rio agora é Patrimônio da Humanidade

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O sítio Burle Marx, em Guaratiba, Zona Oeste do Rio

O Sítio Roberto Burle Marx, em Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi reconhecido na manhã desta segunda-feira, 26 de julho, durante a 44ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como Patrimônio Mundial, bem considerado como portador de valor universal excepcional para a cultura da humanidade. A decisão foi anunciada em reunião realizada em Fuzhou, na China.

Com o reconhecimento, o Brasil passa a ter 23 bens inscritos na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco. O sítio foi reconhecido na categoria de Paisagem Cultural. O local possui 405 mil metros quadrados de área e abriga uma coleção botânica com mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais, cultivada em viveiros e jardins. É atualente uma unidade especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo.

O complexo, que recebe cerca de 30 mil visitantes por ano, é constituído de jardins, viveiros, sete edificações e seis lagos, além de abrigar o acervo museológico de mais de três mil itens de Burle Marx, o que inclui as coleções de arte moderna do paisagista, cuzquenha, pré-colombiana, sacra e popular brasileira, de cristais e de conchas, mobiliário e dos objetos de uso cotidiano da casa. Burle Marx (1909-1994) adquiriu a propriedade em 1949 e ali viveu entre 1973 e 1994. Ao longo de 45 anos, reuniu na propriedade plantas de diversas partes do mundo e dos diversos biomas brasileiros, algumas atualmente em risco de extinção.

“No teatro, as possibilidades de iluminação estão sendo exploradas ao máximo: a luz é controlada, intensificada, dirigida de acordo com os estados de ânimo sugeridos no desenrolar da peça. Efeitos de luz para acentuar dramaticamente os estados de consciência em cenários desprovidos de objetos alia pesquisas em torno da cor e do porquê da utilização tradicional de determinados tons que significam estados específicos da alma. Podemos aplicar essas novas possibilidades ao jardim. Ele é, em última análise, o lugar onde somos atores, onde tomamos consciência da natureza coo fenômeno estético e como manifestação de vida”, disse o paisagista Burle Marx, que foi aluno de Portinari e de Mario de Andrade e parceiro de Lucio Costa.

“O Sítio Roberto Burle Marx é certamente uma obra de arte, onde as paisagens são o elemento de maior destaque, ligando todo o conjunto com poderosa personalidade. Os espaços ajardinados do Sítio materializam tanto os princípios paisagísticos da obra de Burle Marx quanto os processos de análise, cultivo e experimentação que impulsionaram a criação do paisagismo tropical moderno. A vegetação organizada em diálogos de forma, cor e volume que permeiam todos os ambientes, mas também se articulam e interagem com a mata nativa, com a topografia e os acidentes naturais do terreno e com elementos artísticos e arquitetônicos de diferentes épocas e culturas, resultando numa paisagem notável e singular”, disse à assessoria do Iphan a diretora do Sítio, Claudia Storino.

Já para a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, a chancela da Unesco “estabelece um compromisso para manter os valores excepcionais que tornam esse lugar de importância para toda a humanidade. Temos a missão de preservar para as futuras gerações este espaço de aprendizado e de fomento ao conhecimento sobre natureza, paisagismo, arte e botânica”, destaca.

O sítio foi restaurado a partir de 2018 com recursos da Lei Rouanet e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que investiu R$ 5,4 milhões em projetos e intervenções para valorizar espaços de visitação, implementar medidas de acessibilidade, ampliar o acesso público e potencializar ações de pesquisa.

 

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