Desde os primeiros segundos de audição um clima jazzy toma conta do disco de estreia do Aquafaba. Apropriadamente chama-se “Tesão” (Cristóbal Rey) a faixa que abre “Aquafaba”, o disco. “Abre a flor/ traz beleza pra se espalhar/ eu sou flor/ trago vida pra celebrar”, diz a letra. De cara, ecos de Hermeto Pascoal e Som Imaginário.
A atmosfera do álbum passeia por salsa e samba – em “Burbujas” –, baião, bossa nova e jazz, esbanja latinidade, e é cantado em português, inglês e espanhol. O septeto, baseado em Berlim, Alemanha, é formado por músicos de várias nacionalidades, incluindo o brasileiro Danilo Timm (violão e voz) e o chileno Cristóbal Rey (charango e voz) – o grupo se completa com a colombiana Camila Berrio (percussão e backing vocals), a espanhola Neus Kahlo (violino e backing vocals), o italiano Pier Ciaccio (bateria), o chileno Tomás Peralta (baixo) e a argentina Yanina Lombardi (flauta, saxofone e backing vocals).
O folk “Todas as formas de amor” foi escolhido como música de trabalho do disco, evocando o som setentista de Jorge Ben (hoje Benjor). A letra foi inspirada numa carta recebida por Danilo após o término de um relacionamento e dialoga com “Paula e Bebeto”, clássico da rara parceria de Caetano Veloso e Milton Nascimento: “qualquer maneira de amor vale a pena”. “A palavra forma não cabe no verbo amar/ transborda a palavra forma amor”, diz a letra, num inteligente jogo de palavras. Outras faixas do álbum, disponibilizadas como singles, já ganharam videoclipes; o desta foi rodado no Rio de Janeiro.
Sintetizadores em loop, solos de saxofone, viradas de bateria e um potente contrabaixo cerzindo a sonoridade plural do supergrupo: não há espaço para a monotonia na música do Aquafaba. É uma lufada de beleza, libertária e inventiva. Uma estreia vigorosa e profunda. No fim das contas, um disco sobre o amor e todas as suas formas.
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Ouça “Aquafaba”:
