A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado Federal sabatina nesta terça-feira, 6, às 14 horas, dois diretores indicados por Jair Bolsonaro para compor a diretoria colegiada da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Eles são Alex Braga Muniz, indicado a diretor presidente, e Vinicius Clay Araújo Gomes, que já vem ocupando a cadeira de diretor substituto irregularmente há um ano e meio (era Secretário de Políticas de Financiamento antes de ser diretor substituto).
A sabatina de Alex Braga Muniz antecipa em quase quatro meses sua posse, marcada para outubro por questões legais – ele entra no lugar de Christian de Castro, que renunciou ao cargo, mas se assumisse antes teria que deixar o cargo em outubro, quando vence o mandato legal de Castro. A antecipação de sua audiência no Senado induz a pensar que há alguma pressa do governo em sua confirmação, já que a sabatina se dá exatamente antes do recesso parlamentar. O governo parece não querer colocar em risco essa continuidade no poder na Ancine (a gestão de Alex Braga é caninamente fiel ao presidente Bolsonaro e à sua determinação de esvaziar o audiovisual brasileiro; por causa dessa disposição, Braga se tornou réu na Justiça Federal por paralisação deliberada do setor audiovisual). O relator da nomeação de Muniz no Senado é o senador Carlos Portinho (PL-RJ).
Um outro motivo da pressa pode ser a desenvoltura com que o atual diretor presidente interino, Mauro Gonçalves de Souza, tem conduzido a agência, nomeando diversos assessores pessoais de confiança (boa parte deles da região dos Lagos, no Rio) e dispensando outros, uma ação ousada em se tratando de uma interinidade. Mauro Gonçalves é ligado ao Centrão do Congresso Nacional. Ou seja: a agência está entre a frigideira e o fogo. A confirmação de Alex Braga pode lembrar ao interino que sua posição é passageira.
O mandato de diretor da Ancine é válido por cinco anos. Como o governo de Jair Bolsonaro enfrenta dificuldades para se assegurar na reeleição de 2022, a entrada de Alex Braga Muniz pode se converter num problemão para a próxima gestão, se essa pretender reestruturar a agência e acabar com o fisiologismo que impera nesse governo (a maior parte das nomeações de novos servidores obedece a critérios políticos e são funcionários que nunca tiveram qualquer atividade no ramo do audiovisual).
ATUALIZADA ÀS 9h18