Tinha um burro no meio do caminho

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Minhas férias com Patrick. Foto: Julien Panié/ Divulgação
Minhas férias com Patrick. Foto: Julien Panié/ Divulgação

O livro “The strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde” (“O médico e o monstro”), de Robert Louis Stevenson, é uma das obras mais relidas, sobretudo no universo dos desenhos animados: quem não se lembra de episódios do Pica-Pau ou Scooby-Doo, entre muitos outros, com o personagem de múltiplas personalidades?

A obra foi publicada em 1886, mas 10 anos antes, o escritor escocês, ainda inédito, conheceu uma mulher francesa, por quem se apaixonou e com quem viria a se casar em 1880. No ano anterior empreendeu viagem pela França, que relata em “Travels with a beraba in the Cévennes” (“Viagem com um burro pelas Cevenas”).

A trilha realizada pelo escritor acabou virando atração turística na França. E é lá que os amantes Antoinette Lapouge (Laure Calamy) e Vladmir (Benjamin Lavernhe) estão planejando passar alguns dias de suas férias. Estavam: ele acaba resolvendo ir com a esposa e a filha – aluna de sua amante, professora do ensino fundamental.

Minhas férias com Patrick. Cartaz. Reprodução
Minhas férias com Patrick. Cartaz. Reprodução

“Minhas férias com Patrick”, de Caroline Vignal, sucesso no Festival Varilux de Cinema Francês, é uma comédia que tem o amor, acima dos juízos de valores, como pano de fundo, ponto de partida e chegada. O título em português nada preserva do original, “Antoinette dans les Cévennes”, e Patrick é o burro que irá acompanhar Antoinette na trilha francesa percorrida por Stevenson.

Ela resolve manter os planos originais de percorrer a trilha nas férias, mesmo tendo que se virar sozinha, ao contrário do originalmente planejado. A comédia sutil segue os passos da protagonista em companhia de um burro que teima em empacar ao longo do trajeto, o encontro com o amante e sua família, áreas isoladas sem sinal de internet ou celular, acidentes e re/encontros.

O filme parte de um fato histórico – a relação, a princípio de ódio, de Stevenson com um burro, mas depois se entendendo – para mostrar paisagens exuberantes em uma história a partir daí inventada, bem contada e bem filmada, com suas lições – nunca de moral. Antoinette é uma mulher sensível, longe do estereótipo da mulher sem caráter em geral atribuído a quem ousa ser a outra.

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Veja o trailer:

Serviço: “Minhas férias com Patrick”, comédia, França, 2020, 97 minutos. Estreia nos cinemas dia 29 de abril
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