Divulgação
Sérgio Sá Leitão, secretário de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, que teve pedido negado pelo Tribunal Federal da 2ª Região

O chefe de Gabinete da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo (Secec), Fred Mascarenhas, formalizou ontem, 25 de fevereiro, um convite para uma reunião na próxima quarta-feira, 3 de março, às 11 horas da manhã, online, da cúpula da secretaria com 10 (dez) representantes, produtores e artistas, dos diversos segmentos, linguagens e áreas do setor cultural do Estado.

A formalização do encontro virtual se deveu a um desafio público proposto ao secretário Sérgio Sá Leitão pelo coletivo Frente Ampla em Defesa da Cultura e da Economia Criativa de São Paulo, em uma carta à revista Veja SP, na qual os produtores acusaram o secretário de não se dispor ao diálogo. Segundo os artistas, o secretário confirmou participação. A frente ampla luta para que seja restabelecido o programa de fomento chamado ProAC ICMS, suspenso pelo governo paulista após 15 anos de funcionamento e êxito, e sejam garantidos critérios transparentes na destinação dos recursos do novo programa ProAC Expresso Direto – e que vigore a paridade entre os dois modelos de incentivo, o direto e o baseado em renúncia fiscal.

Desde a suspensão do ProAC ICMS, o setor cultural entrou em pé-de-guerra com o secretário Sá Leitão. Já estava previsto para hoje um tuitaço de protesto, convocado pelos artistas, mas foi suspenso devido à decisão do governo de dialogar. Ontem, em entrevista à Rede Globo, que raramente se debruça sobre temas como esse, Leitão foi confrontado com as críticas e admitiu a falta de consultas ao setor nas mudanças de política cultural, mas atribuiu isso à falta de tempo – o Estado passa por um momento de emergência fiscal devido à crise na saúde, afirmou.

As quase 500 entidades culturais abrigadas na Frente Ampla rebatem o argumento da questão da arrecadação, que teria levado o governo a suspender programas de renúncia fiscal baseados no ICMS. Segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021 do governo do Estado de São Paulo, está previsto para este ano um total de R$ 15,8 bilhões em renúncia fiscal de ICMS, o que equivale a 10,1% da receita do imposto estimada para o ano, que é de R$ 150,2 bilhões. Face a esse montante definido para a renúncia total do governo, o valor de R$ 100 milhões para atender todo o setor cultural é considerado relativamente muito baixo, menos de 1% do valor global, e não faz sentido a suspensão. O outro ponto ressaltado é que o novo ProAC Expresso Direto foi lançado sem qualquer fundamentação técnico-orçamentária nem está escorado em uma radiografia das necessidades e especificidades do setor. O prazo para a consulta pública pela qual a secretaria de Cultura informou que vai basear as regras do novo fomento termina nesta sexta, 26 de fevereiro.

“Nós saudamos e agradecemos a iniciativa do caro Fred Mascarenhas e do Gabinete da Secec, ainda que um pouco tardia, e muito embora sigamos lamentando que o diálogo efetivo tenha que avançar e se concretizar, até aqui, tão somente sob e após este tipo de (legítima) pressão. Ele deveria ocorrer de forma republicana, espontânea e naturalmente”, afirmou nota da Frente Ampla. Os coletivos e entidades querem que o governo garanta que o programa ProAC, nas duas modalidades, garanta R$ 323 milhões para o setor cultural em 2021.

A renúncia fiscal definida pela LDO do Estado de São Paulo para 2021 prevê que 99% dos recursos continuarão sendo direcionados para outros setores muito menos frágeis que o da cultura, como o agronegócio, a indústria automobilística, entre outros. Além disso, há 23 setores beneficiados com sigilo fiscal, o que suscita a questão da falta de transparência no uso da renúncia fiscal, questão que está sendo tratada pelo parlamento estadual.

PUBLICIDADE

DEIXE UMA REPOSTA

Por favor, deixe seu comentário
Por favor, entre seu nome