Itaú Cultural
Galiana Brasil e Eduardo Saron, do Itaú Cultural, durante o anúncio do primeiro programa de fomento ao teatro da instituição

Foi divulgado hoje o primeiro estudo sobre o impacto da pandemia nas atividades do chamado setor criativo (relacionado à cultura). O artesanato foi o maior prejudicado: perdeu 132 mil vagas de trabalho no primeiro semestre de 2020. As artes cênicas (teatro, circo, performance) e visuais (artes plásticas, galerias) perderam outra grande fatia de postos de trabalho: 97 mil trabalhadores desse setor das atividades criativas perderam seus empregos (43% de encolhimento em relação ao mesmo período de 2019). O setor audiovisual (cinema, rádio, TV, música e fotografia) perdeu 43 mil vagas (39% de encolhimento). O setor editorial (edição, publicação e venda de livros) perdeu 8 mil vagas (77% de retração em relação a 2019).

Ao todo, perderam-se 871 mil postos de trabalhos na economia da cultura. Em dezembro do ano passado, havia 7.137.912 postos de trabalho no setor criativo propriamente dito. Em junho deste ano, esse número caiu para 6.226.560, consolidando uma perda total de 871,3 mil postos de trabalho nos primeiros seis meses, uma retração de 12,2%% no período.

As informações são do Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, que monitora a evolução econômica da indústria criativa no Brasil. Para o levantamento, foram utilizados dados da Pnad Contínua. Não é possível saber ainda o resultado da ação emergencial da Lei Aldir Blanc, cujos recursos ainda estão sendo distribuídos justamente para minorar os efeitos da pandemia na cultura. A lei partiu de uma estimativa sobre o tamanho dessa economia, mas o trabalho do Observatório poderá subsidiar melhor ações futuras.

Um levantamento divulgado essa semana pela Agência Nacional de Cinema mostrou que somente a indústria audiovisual ocupa o 5º lugar entre as atividades econômicas de maior relevância nacional, com uma movimentação de quase R$ 30 bilhões anuais entre 2014 e 2018. O curioso é a Ancine divulgar um período no qual, justamente, sua atividade de fomento, fiscalização e arrecadação foi crucial – nos últimos dois anos, a agência paralisou suas atividades, empreendeu um esquema de perseguição aos produtores de audiovisual e destroçou sua organização interna, tornando-se incapaz de conduzir a política do setor.

A crise causada pela pandemia no setor criativo impacta em setores correlatos, e isso também foi medido pela pesquisa do Observatório Itaú Cultural. Entre os trabalhadores criativos incorporados por outros setores da economia (um designer que trabalha para uma indústria automobilística, por exemplo) a queda foi de 15,34%. Em junho de 2019, havia 1.866.226 postos de trabalho neste estrato. Em junho deste ano o número retraiu para 1.580.038.

Entre o pessoal de apoio (um contador que presta serviços para empresas ou indivíduos da economia criativa, por exemplo), a queda foi de 9,78% (de 2.466.702 para 2.225.506 postos de trabalho). Já no estrato específico dos trabalhadores especializados em atividades de economia criativa, atuando no setor de origem (designers, roteiristas, escritores, arquitetos, artistas, etc.), houve retração de 6,27% no número de postos de trabalhos regulares.

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