Saudação nazista
Alunos de escola particular do Recife foram flagrados fazendo saudação nazista no intervalo das aulas

Jojo: Adolf, não sei se consigo fazer isso.
Adolf: O quê? Claro que você consegue. De fato, você é um pouquinho magricela e um tanto impopular, e você não consegue amarrar sozinho seus cadarços, mesmo já tendo 10 anos de idade. Mas você ainda é o melhor, o mais leal pequeno nazi que eu já conheci. Sem mencionar o fato que você é realmente bem apessoado. Então, se prepare para ir lá fora, e nós vamos ter uma bela diversão, okay?
Jojo: Okay.
Adolf: Assim que se fala!

A cena acima é do filme Jojo Rabbit, do diretor Taika Waititi, que conta a história de um garoto que tem Hitler como amigo imaginário.

11 alunos do Colégio Santa Maria, instalado na Praia de Boa Viagem, também demonstraram na semana que passou ter Adolf Hitler como amigo invisível.

Eles foram flagrados fazendo saudação nazi na sala de aula.

Os Jojo Rabbits do Recife têm idades entre 16 e 17 anos e estudam no colégio particular Santa Maria, um dos mais tradicionais do Recife, cujos pais pagam cerca de R$ 2 mil de mensalidade por aluno.

A diretora da escola disse que os pais ficaram surpresos com as atitudes dos filhos. “Alguns garotos choraram. Todos pediram desculpas e se mostraram arrependidos. Nossa filosofia é formar jovens que respeitem o próximo”, explicou, constrangida.

O colégio Santa Maria fica a seis quadras da Praia de Boa Viagem. Foi por ali que Alceu Valença encontrou La Belle de Jour, a moça mais linda de toda a cidade, para quem escreveu o seu primeiro blues.

Foi no Espaço Arte Viva, na Praia de Boa Viagem, que Chico Science e Nação Zumbi fizeram seu primeiro show, em 1988, e mudaram a face da música popular brasileira para sempre.

Chico Science, quando tinha 18 anos, a idade dos Jojo Rabbits de Boa Viagem, gostava de ouvir os conselhos de James Brown, Sugar Hill Gang, Kurtis Blow, Afrika Bambaata e Grand Master Flash.

Os 11 garotos do Colégio Santa Maria passaram a dar ouvidos a um Adolf Hitler invisível, que preconiza o assassinato das diferenças, que quer entregar a moça refugiada no porão de casa para que seja levada à câmara de gás, que xinga jornalistas mulheres e vereadoras assassinadas e mente em rede nacional sem nem sequer ficar envergonhado.

Foi o que mais potencializou a decepção, essa capitulação dos meninos do Recife à barbárie.

Velhos nazistas da Virginia espalhando fake news e ódio pelo planeta e encontrando eco na consciência gelatinosa de gente rancorosa de todos os quadrantes é algo que é possível até entender.

Mas adolescentes que desfrutam da produção de um dos celeiros da cultura brasileira? Da música de DJ Dolores, Flaira Ferro, Karina Buhr, Flaviola, Robertinho do Recife, passando pelos filmes de Kleber Mendonça Filho, pelas gravuras de Samico, a cultura vibra no Recife há séculos.

No entanto, é preciso ter fé na civilização, ter confiança que ela pode vencer mesmo quando a ignorância enfia suas garras no coração tenro da juventude. Há casos que mostram a derrota da barbárie. O princípe Harry, um dos herdeiros do trono britânico, por exemplo. Em 2005, ele aceitou a visita do amigo invisível Adolf e foi a uma festa vestido de nazista em Londres. Mas hoje, realinhado pelas artimanhas do amor, teve sua programação reiniciada por Meghan e passou a abominar o comportamento racista da família real, cancelando seus títulos de nobreza e moleza hereditária. Mandou Adolf catar coquinho. É preciso investir nisso, na contracepção do ovo da serpente do fascismo. Vale a pena.

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