Ocupação Rino Levi aborda a contribuição do arquiteto para a metrópole, com seminário, filmes e planos
Os cinemas Ipiranga e Art Palácio, projetados pelo arquiteto Rino Levi (1901-1965) em 1941 e 1943, no Centro de São Paulo, trouxeram com eles uma ideia de metrópole que investia-se de arrojo e ousadia. No Ipiranga, art déco visionário, não se podia entrar sem paletó e gravata (o escritor Ignácio de Loyola Brandão foi barrado sem gravata uma vez). Sem frisas e camarotes, igualando em importância social os espectadores, o Art Palácio buscava a excelência em acústica e visibilidade.
Arquiteto que ajudou São Paulo a sonhar seu cosmopolitismo e sua modernidade, erguendo hospitais, escritórios e cinemas, Levi é objeto agora de uma portentosa retrospectiva de sua obra e ideias no Itaú Cultural, na 49ª exposição da série Ocupação. Completam a mostra um seminário, o lançamento de um livro sobre o seu universo, filmes on line e ações educativas.
Nos dias 2 e 3 de março (segunda-feira e terça-feira), o Itaú abrigará o seminário Móvel, Casa e Cidade: Arquitetura e Modernização, em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), com uma dezena de palestrantes. Entre os especialistas, destacam-se Renato Anelli, arquiteto urbanista, da Universidade de São Paulo e um dos co-curadores da Ocupação Rino Levi; Guido Zucconi, professor de história da arquitetura na Universidade de Veneza; Fernando Atique, professor associado do departamento de História da Unifesp; Ethel Leon, da USP; Anahi Ballent, professora da Universidade Nacional de Quilmes (UNQ); entre outros.
Brasileiro filho de italianos, influenciado pela escola do racionalismo italiano (formou-se pela Escola Superior de Arquitetura de Roma), Levi trabalhou pela flexibilização de espaços e pela integração entre arte, design e paisagismo, pressupostos do modernismo, e aprofundou a filosofia de urbanização. Lutou para “unificar os inúmeros problemas sociais, técnicos, econômicos e plásticos inerentes à construção”. Conforme definiu a curadoria, esses foram seus principais avanços em relação ao que se fazia em seu tempo: “As casas urbanas são introspectivas, dotadas de pátios internos onde o morador convive com a vegetação tropical, desfrutando de conforto e privacidade. Os apartamentos têm jardins comuns no térreo e os interiores com vista para a paisagem urbana. As casas de campo se definem pela abertura para o panorama da paisagem natural. Em todas elas, a disposição dos ambientes e o desenho do mobiliário amparam as atividades cotidianas a serem desenvolvidas conforme as suas especificidades e as necessidades dos moradores”.
Na Ocupação Itaú, a obra de Levi é revista e analisada por alguns dos especialistas mais destacados da arquitetura brasileira, como Hugo Segawa, Joana Mello, Mônica Junqueira de Camargo e Tatiana Sakurai.
Ocupação Rino Levi. Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149). Abertura: sábado, dia 29, às 11 horas. Até 12 de abril. De terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. Grátis.