Conhecida desde a Grécia antiga, a encáustica é uma técnica mista que alia materiais diversos como cera, pigmento e areia em sua composição – a palavra deriva de enkausticos, que significa gravado a fogo: com o calor as cores se fundem, criando diversas nuances. Em cartaz no Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão, a exposição “Identidade: encáustica da alma” reúne telas de Cláudia Sopas, com tamanhos e temas variados.
Formada em Letras e Arquitetura, ela vai além, aliando a técnica milenar a outras, como aquarela, nanquim, sobreposição de papéis e outros elementos (em algumas telas se vale de areia e conchas), além de pigmentos regionais, como urucum, páprica e cominho, sobre bases de madeira, vidro, mdf e cerâmica.
O tríptico “Iemanjá”, por exemplo, tem areia e conchas, bem como “Ilha à noite”, em que uma onda quase alcança a lua. O mar volta a comparecer ao temário de Sopas em “Bianas de Lena”.
Noutra tela, as palavras irmandade, respeito, sororidade, igualdade e empoderamento circundam uma “Afrodite” negra, enquanto “Salamandra” é uma mulher de cabelos ruivos.
“Sementes” em forma de canoas abrigam paisagens sobre uma superfície de espelhos. 15 azulejos compõem os “Fragmentos imantados” – lembram ímãs de geladeira, mas produzidos artesanalmente e no tamanho real de um azulejo.
Flores, o mar, antigos cartões postais e a religiosidade na citação à Fátima, em Portugal, estão retratadas na arte delicada de Sopas, cujos quadros estão para além da experiência visual, devendo também ser tocados, a fim de sentir-lhes a textura.
A artista não brinca com fogo: “Amazônia 2019” revela a triste realidade dos constantes incêndios numa floresta já sem cor.