O Camareiro na Faap: a peça dentro da peça

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O Camareiro - Foto Priscila Prade

Para o papel de Sir, um veterano ator de teatro que esquece as falas e está à beira de uma crise nervosa, foi escalado Tarcísio Meira. Com 80 anos, o ator global estreou O Camareiro, com direção de Ulysses Cruz, em 2015, e colheu elogios pela atuação. Quatro anos se passaram e, apesar da imponência com que sobe ao palco, o galã de novelas é a encarnação fiel de seu personagem. 

Em duas horas de duração, com um intervalo, a montagem desse clássico teatral pode afugentar aqueles que não se esquecem da versão hollywoodiana do filme de Peter Yates O fiel camareiro (1983), com Albert Finney no papel do ator shakesperiano e Tom Courtenay, no de Norman, seu serviçal. Mas é na encenação no palco, bem diante dos olhos da plateia, que a força e a fragilidade do teatro se revelam.

Sir não quer encenar Rei Lear, o icônico drama de William Shakespeare. Tem seus dramas pessoais e, não fosse a resiliência e a dedicação de Norman para com o seu patrão ou o teatro, o espetáculo desmoronaria. Ele ajuda Sir a entrar em cena, lembra-o das falas e não o deixa esmorecer. A cenografia de André Cortez, que cria uma inventiva solução para encenar a peça dentro da peça, ajuda a ver os bastidores dessa arte. É nos camarins e nas coxias que o teatro se revela, nos ensina o texto do dramaturgo britânico Ronald Harwood.

É curioso que, nesta reestreia, para viver Norman, foi escalado o ator Cassio Scapin, em substituição a Kiko Mascarenhas. Personagem que dá nome à peça, o camareiro resigna-se a ocupar um papel secundário. Ocorreram ainda duas outras substituições: Lara Córdulla no lugar de Chris Couto e Angela Barros no de Karin Rodrigues. Já o veterano Tarcísio Meira seguiu firme o quanto pode.

O camareiro. Com direção de Ulysses Cruz. No Teatro Faap, sexta-feira e sábado às 21 horas, e domingo às 18 horas. Até 15 de dezembro. Ingressos a partir de 100 reais.
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