O bando de Lampião teve seu fim com a decapitação de seu líder e outros cangaceiros na grota do Angico há 81 anos. Mas o imaginário do cangaço segue firme e forte 81 anos depois.
Foi inaugurada hoje (9) na Sala de Exposições do Condomínio Fecomércio (Av. dos Holandeses, Jardim Renascença II) a exposição “Aquarela Cangaço”, do artista visual Alexandre Mourão, professor do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Cerca de 20 telas aliam a delicadeza da aquarela à brutalidade em geral atribuída aos cangaceiros, ao redor dos quais em geral orbita a questão “heróis ou bandidos?”. Alexandre Mourão recria, com alguma liberdade, o universo do cangaço, entre utensílios e personagens, a partir de fotografias de livros de Frederico Pernambucano de Melo e fotografias de Fred Jordão e do libanês Benjamin Abraão – retratado em “Baile perfumado” (1996), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira.

Uma tela, particularmente, chama a atenção. Intitulada “Tributo a Bacurau”, mostra cangaceiros numa escada, remetendo tanto ao fato de o imaginário do cangaço seguir vivo (a despeito da por demais conhecida foto das cabeças cortadas) quanto à fachada do Museu Histórico de Bacurau – o filme de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles tem uma cena que remete à degola dos cangaceiros, numa homenagem explícita. Detalhe: o artista pintou a tela antes de assisti-lo.
A vernissage contou com a presença do escritor Robério Santos, que exibiu alguns objetos, entre réplicas de chapéu, bornal e alpercatas de cangaceiros, até punhais, um deles utilizado por Zé Baiano – personagem da biografia homônima que ele lança hoje (9), às 19h, na Livraria Poeme-se (Rua de Santo Antonio, 264-A, Centro). Ele autografa também “As quatro vidas de Volta Seca”.
“Aquarela Cangaço” fica em cartaz até 31 de outubro.