Saímos contentes feito crianças pelas ruas dos Campos Elísios, depois de entrevistar o ministro da Cultura, Juca Ferreira, na sede paulistana da Funarte.

Evidentemente eu e o colega Jotabê Medeiros, juntos nessa aventura inédita, nos conhecemos há um milênio, desde quando ele era um dos mais atuantes jornalistas culturais do Brasil trabalhando no Estado de São Paulo e eu (modéstia à parte), idem, na Folha de São Paulo.

Somos ambos paranaenses, nos conhecíamos há mil anos e nutrimos afeto e respeito mútuos, mas só em tempos recentes temos nos tornado realmente amigos, muito pela ação paciente do irmão em comum Eduardo Nunomura, ex-Folha, ex-Veja e ex-Estadão e meu parceiro de jornada aqui neste quixotesco FAROFAFÁ. Também participa deste pequeno exército (civil) brancaleone Haroldo Ceravolo, chapa meu e do Edu na mesma turma do curso de jornalismo da USP nos primeiros anos 1990, também ex-Folha e ex-Estado, atual proprietário da formidável editora Alameda.

O que a ultracompetição de fachada entre jornais rivais separou, a derrocada acachapante do jornalismo industrial corrupto braZileiro fez o favor de unir. Meio sem rumo, eu e Jotabê saímos felizes da sede da Funarte, na alameda Nothmann, e fomos almoçar num pé-sujo simpático da alameda Barão de Limeira, onde ainda hoje funciona a sede corroída da altamente conservadora, reacionária, politizada, ideológica, militante e panfletária Folha de São Paulo.

Não estou aqui falando pelo Jotabê, apenas por mim, mas, caminhando por entre as ciclovias do Minhocão rumo à estação Marechal Deodoro do metrô, não resisti de comentar com ele o quanto acho que somos vítimas de alguma subespécie de macartismo cultural todos nós, jornalistas que mais ou menos deixamos de compactuar com o tucanismo atroz da mídia comercial tucanistanesa.

Jota fez silêncio, talvez discorde, mas, quanto a mim, desde que saí da Folha, em 2004 (inicialmente rumo à “petista” CartaCapital), tenho sido um pária nas fortalezas do PIG, Partido da Imprensa Golpista.

O PIG, partido ativo (e altamente predador das identidades brasileiras) desde ao menos os tempos do ditador trabalhista Getúlio Vargas, é liderado autoritariamente pelas Organizações Globo e seguido com fidelidade canina por sabujos tipo FolhaEstado, editora Abril etc. etc. etc. Todos nós, jornalistas de profissão e/ou fé, somos impreterivelmente funcionários do PIG, mas apenas enquanto compactuamos ideologicamente com ele. Depois, caímos no mundo, num mundo feito de silêncio, sarjeta e solidão.

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Particularmente, não tenho emprego fixo desde 2009 (quando saí da “petista” CartaCapital) – vivo de bicos, muitas vezes sem trabalho, aquela coisa e tal. Furei bloqueios aqui e ali “frilando” até mesmo, eventualmente, para veículos PIG tipo Estadão e revistas da editora Abril. Foram exceções confirmadoras de regra geral.

Nestes dias incríveis em que o PIG tucano se volta contra o próprio tucanismo e produz denúncias público-privadas de polichinelo contra o insuspeitíssimo correligionário (senão guru) Fernando Henrique Cardoso, tenho convicção de que dezenas e dezenas e dezenas de jornalistas brasileir@s mais ou menos destoantes da nomenklatura tucanistanesa poderiam estar aqui neste mesmo espaço contando histórias escabrosas sobre o neomacartismo cultural tucanistanês.

O macartismo tipo tucanistanês é insidioso, silencioso, trevoso como um tal Vampiro Brasileiro que todos que trabalhamos na área conhecemos bem. Nesta modalidade pós-EUA, não somos acusados de nada. Não somos combatidos nem perseguidos publicamente. Não nos difamam nas páginas amarelas (até porque não temos notoriedade para tanto). Não possuímos recibo ou prova das rejeições que colecionamos. Apenas deixamos de existir para os radares do Comitê Central Tucanistanês, simples assim.

Não posso provar que fui escorraçado sem qualquer explicação plausível de uma coluna cultural da revista cultural Cult (veja bem, sou um reles cronista cultural, daqueles sem poder para nem sequer arranhar o céu tucanistanês), apenas porque tal aparato jornalístico é controlado por gente do Vampiro Brasileiro em pessoa – estou falando de José Serra, o Indizível, aquele que nenhum(a) jornalista tucanistanês(a) pode – ou podia – nominar.

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Não sei quant@s estariam dispostos a listar exemplos caudalosos, mas outro dos segredos de polichinelo de que trata em eloquente artigo a jornalista ex-global Tereza Cruvinel é que o nome de José Serra é intocável no jornalismo brasileiro, especialmente nas redações de Tucanistão São Paulo. O coronel político-midiático “moderno” controla tudo, entre esgares stalinistas de paranoia, desde quando desperta da esquife até o anoitecer.

Afirmo para você aqui, menina: dez entre dez colegas do jornalismo político já tiveram a cabeça a prêmio por desagradar, numa vírgula que fosse, esse czar do tucanistanismo paulistês e do entreguismo petrolífero antigetulista braZileiro. Que se atreva a contar o primeiro causo quem tenha prontuário no departamento Serra da Polícia Política de Tucanistão – mas também vale para outros czares, Aécio NevesGeraldo Alckmim, Beto Richa, outros (bem) menos votados.

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Ou alguém vai negar e sustentar que não existe o macartismo cultural versão tropicália, esse que cimenta brutalmente as bocas de todo mundo que fuja minimamente dos conformes ideológicos do partido midiático (PIG-Tucanistão)?

Certamente negarão os soldados do PIG-Tucanistão (tipo Ricardo Noblat, da Rede Globo de Ditaduras), partido político-midiático de resto sempre disposto a clamar sorrateira, bonachona e debochadamente pela democracia (enquanto golpeia), pelo livre arbítrio (enquanto arrebanha) e pela liberdade de expressão (enquanto censura). Mas todo mundo sabe que não existe liberdade em Tucanistão.

 

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