Jotabê Medeiros, enviado especial ao JazzFest de New Orleans, inicia a cobertura de um dos maiores festivais musicais do mundo falando de Lágbájá, o ‘misterioso’ cantor nigeriano

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Cantor nigeriano que foge ao culto da celebridade, Lágbájá, é uma das 800 atrações do JazzFest, de New Orleans – Foto: Jotabê Medeiros

Lágbájá é uma palavra em iorubá que quer dizer “ninguém em particular”.

Tem mais de 20 anos que o ídolo nigeriano de afrobeat Lágbájá toca seu sax e canta mascarado, o que o projeta como um fenômeno parecido com os mascarados do rock e do pop – Slipknot, Daft Punk, entre outros. A máscara, ele explica, é para indiferenciá-lo dos homens comuns, mas o nome dele mesmo é Bisade Ologunde. Mas jamais canta com sua identidade verdadeira por motivo ideológico.

“Não tenho nada a esconder. Apenas quis cumprir minha rota sem ter que fazer o jogo da celebridade”, explica o músico, que fez seu primeiro show mascarado em 1983.

A diferença está no ritmo. O som de Lágbájá, que se apresentou na sexta-feira (24) no JazzFest de New Orleans, e do tipo que provoca reações epiteliais imediatas. O corpo dança. A aparente simplicidade esconde variações harmônicas sofisticadas.

Ele abriu com sua banda de três percussionistas, bateria e teclados, mais uma cantora de apoio, com um mix de ritmos e hits que incluiu “Fio Maravilha”, de Jorge Benjor. Ele vocaliza mais do que canta, faz mais scats do que versos. Não está procurando pela palavra, mas pela emancipação do som da palavra.

O afrobeat de Lágbájá tem base no dos mestres do gênero, como o grande Fela Kuti. Mas deve menos ao jazz de Roy Ayers e outros. Está somente a serviço da festa. O músico não usa também sintetizadores em excesso, nem drum machines. Muito orgânico o som dele. Uma maravilha.

Ele nasceu em 1960 em Lagos, na Nigeria. Era produtor de estúdio, fazia jingles. Teve um insight e virou um mistério dançante.

Daqui a pouco entra no palco principal o Wilco. Cigarettes taste so good.
[Uma tempestade de raios encurtou o show do Wilco. Por questão de segurança, a organização do festival desligou os aparelhos elétricos e iniciou a evacuação do público. New Orleans, em agosto de 2005, foi devastada pela passagem do furacão Katrina, que matou mais de 1.500 pessoas nos Estados Unidos.]

The Who, Lady Gaga, Ellis Marsalis, Dr. John…
O New Orleans Jazz Festival é sinônimo de excelência musical, um dos mais tradicionais festivais musicais do mundo. Realizado no berço do jazz, este ano ele reunirá 400 mil pessoas para assistir atrações como Irma Thomas, Ellis Marsalis, Dr John e Lady Gaga. São mais de 800 artistas em 10 palcos. Uma das mais esperadas é The Who, que no sábado sobe ao palco para comemorar 50 anos de carreira.

* O repórter viajou a convite do New Orleans Convention & Visitors Bureau, da American Airlines e da organização do festival

Publicado originalmente em El Pájaro que Come Piedra

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