no dia 18, mataram com requintes de crueldade o garoto lucas fortuna, de 28 anos, no cabo de santo agostinho, em pernambuco, porque ele militava pelos direitos dos homossexuais.
mataram com requintes de crueldade.
era alegre e ousado, um garoto gay lutando por igualdade numa terra em que só os “cabras” sobrevivem.

ontem de madrugada, mataram no jardim são luís, em são paulo, a garota luciene neves, de 24 anos, militante pacifista, porque ela certamente incomodava aqueles que abusam do poder e oprimem os mais humildes. levou três tiros de dois caras numa moto. a covardia sempre age assim.

tenho minhas dúvidas se são crimes que as autoridades têm interesse em investigar.

cresceu barbaramente no país ultimamente o número de articulistas que semeia ideias de divisionismo e ódio. tenho a impressão que isso estimula os neandertais.
o pinduca me disse, no sasha, uma coisa que me fez pensar. ele disse:
“tenho minhas dúvidas se há 15, 20 anos, esses caras diriam essas coisas assim tão abertamente. teriam vergonha”. porque a sociedade, na época, os faria sentirem vergonha.
o pinduca tem razão: criou-se uma ideia de normalidade da ignorância.
os trogloditas estão brandindo orgulhosamente sua truculência.

e os garotos, mais esperançosos e valentes que nós, velhos, sofrem com essa ignorância.

ouvi que o reitor da USP autorizou câmeras ocultas no refeitório da universidade.
é uma barbárie que nem na época da repressão a gente aceitou tão placidamente.

luciene neves

lucas fortuna
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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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