Tenho a impressão que os moradores de rua de São Paulo triplicaram. É viagem?
Doidões com ruínas de cobertores atravessam na frente dos carros no sinal verde na São João com a Duque de Caxias. Doidões invadem as cercanias do Mercado Municipal. O comércio dos semáforos cresceu barbaramente – flores, bombons, raquetes que eletrocutam insetos.
Debaixo do Minhocão já tá parecendo o Haiti depois do terremoto.
Nas imediações da Bovespa tem de pular gente dormindo nas calçadas.
A taxa de enlouquecimento urbano parece ter chegado a 9.8 na Escala Bispo do Rosário.
Já detectei até um tipo de clochard paulistano, um elegante despossuído que sabe combinar bem os paletós e as camisas de punho de renda que fisgou nas caixas da benemerência.
Curioso: também nunca vi tanto anúncio de “Procura-se”, empresas oferecendo empregos. Até na escada rolante do Carrefour hoje tinha aviso.

Muita gente gorda também. O Brasil se entucha de fast food. Nas chanchadas que passam de madrugada no Canal Brasil não tem gente gorda. Nos anos 70 obesidade era coisa rara nas ruas.
Dá medo de ficar na Praça de Alimentação do shopping ali no Centro Comercial, na Avenida Paulista.

Paradoxalmente, no interior as cidades parecem muito limpas e confortáveis, os centros comerciais estão bombando (estive em Camanducaia, Extrema, Cambuí, e por ali as pessoas pareceram ocupadas e esperançosas).
Cafés charmosos, restaurantes novos, até alguma cultura (em Cambuí, tem cinema e teatro e centro cultural e tava passando Besouro em vez de Avatar).

O que quer dizer isso? Algum sociólogo explica?

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

1 COMENTÁRIO

  1. Aqui em Santo André (ABC) a coisa tá parecida, dezenas de caras, arrastando-se na rua, para lá e para cá. Drmem em qualquer lugar, nem procuram mais um "abrigo". e as garrafinhas de "duelo" uma porcaria de "cachaça" de R$ 1,00 se espalham pela sargeta.

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