engraçado: da janela do meu hotel em times square, vejo de ângulo privilegiado a profusão de anúncios de espetáculos na broadway e os turistas tirando fotos de figuras bizarras que ganham um trocado interpretando a si mesmos na rua.
no entanto, nada disso me parece irreal hoje. É como se baudrillard subitamente tivesse se tornado obsoleto e aquilo que ele viu como simulacro (o neon, o outdoor, o cenário) tivesse adquirido densidade e materialidade novas.
o parâmetro do que era real está cada vez mais distante, é certo.
os discos desapareceram, assim como as megalojas virgin e tower records.
música não tem mais “materialidade”, e as pessoas estão por trás de personas fictícias na internet.
na era do ipod e do iphone, do twitter, do myspace e de lady gaga, baudrillard teria de rever seu conceito de “civilização fofa e balnear”, que inventou para descrever esse País aqui em AMERICA, i guess.
todo o planeta é uma civilização fofa e balnear, nesse momento.

e o museo del barrio do harlem foi recauchutado, vou lá amanhã.
o world trade center continua em obras de seu eterno memorial, embora esteja cheio de novos hotéis e prédios em volta – o poder público sempre demora muito, o poder privado é rápido no gatilho.
tô hesitando em gastar US$ 18 com um vinil do smokey robinson.
amanhã verei aretha franklin, há muito esperava por isso.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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