o tempo das amoras chegou no morro da formiga.
os pés estão carregados em ibiúna.
estive lá anteontem de manhã para levar ração para as cachorras (não confundir com as cachorras do dj marlboro; as minhas três não têm rabo tão grande…).
bueno, lá estava eu e o frio tava brabo e eu vi de passagem a antiga caseira já acordada na janela da casa em que mora, e que tem parede de pau-a-pique.
ela mora a 50 minutos de são paulo, mas me contou que nunca veio a são paulo.
ela não se importa com o novo shopping cidade jardim, ela não entra na fila do espaço unibanco, ela jamais vai morrer atropelada na marginal tietê (que nem o estudante que parou ontem para ajudar um outro motorista em apuros e foi atropelado por um caminhão, e ninguém prestou socorro).

todo mundo me diz sobre meu refúgio:
uau, que lugar plácido! uau, que lugar sem neuras! uau, que lugar cheio de paz!
bem, tem também um componente meio twin peaks, devo confessar…
uma vez teve um malandro ali na região que andava invadindo, barbarizando, ameaçando. tinha uma arma, é claro.
ele teria entrado também no meu casebre, e queimou o sofá no meio da sala. foi o que me contaram, eu só cheguei com o prejuízo sacramentado e levei um tempão para limpar tudo, para raspar a fuligem, repintar.
um dia, me contaram que ele tinha dado um safanão num velhinho da região.
e que teria sido essa a gota d’água: meia dúzia de peões se juntou, esperou num caminho no mato por onde passava o elemento barbarizante e pegou o cara de surpresa.
mataram-no de paulada.
gelei de ouvir essa história.
todo mundo pensa que o sertão é lá, mas o sertão também é aqui.

e o novo vizinho já mostrou suas credenciais: cortou uma puta árvore nativa gigante de aroeira. quase todas as aroeiras que havia ali na vizinhança já foram cortadas.
péssimo.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

4 COMENTÁRIOS

  1. Entrando aqui só pra dizer que o dono do blog é bastante burro. Na confusa matéria que saiu hoje no Estadão sobre o Deodato, o autor diz que a versão de “Assim falou Zaratustra” utilizada em 2001 é a do brasileiro. Ahnnnn? Puta merda, que idiotice! Me pergunto se o jornalista nunca viu o filme ou então nunca ouviu a versão do Deodato. Lamentável!

  2. Estás certíssimo, André! A versão de Zaratustra no filme é da Filarmônica de Berlim regida pelo Karajan. Errei, tava muito preocupado em tirar uma hora e meia de entrevista do gravador e cometi tais barbaridades, coisa de digitação apressada. Vamos dar uma correção hoje no jornal. Mas uma coisa me preocupa em relação a você: a tua ignorância crônica me parece impossível de ser corrigida. És um animal, meu filho! Uma besta a serviço de outra besta que você deve julgar acima de todos os julgamentos!

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