olha, sampleio mais um texto aqui, mas com o objetivo de estudá-lo, não de plagiá-lo – então não é pirataria, ok? esse é do jornalista mauro santayana (que não conheço), para a agência carta maior (que mal conheço), analisando o avião presidencial-papal que conseguiu reunir lula e fhc em parcos mesmos metros cúbicos de dever, poder, piedade e vaidade. vai lá (e os grifos, novamente, são todos meus):

“muitas foram as críticas ao convite feito por lula a fernando henrique e a josé sarney para que o acompanhassem às cerimônias fúnebres em homenagem ao papa joão paulo ii. mas o presidente agiu como agiriam os mais hábeis políticos da história. o melhor manual para explicar a habilidade de lula é o pequeno e denso ensaio de plutarco, ‘como tirar vantagem do inimigo’.
foi o que fez lula, que já conhece suficientemente a vida, para saber que o ex-presidente só pensa em desforrar-se do êxito que o operário vem obtendo na chefia do governo. ao convidar fernando henrique, o presidente deu-lhe apenas duas saídas: aceitar ou recusar o convite. se o recusasse, teria sido pior. assim, não teve como não o aceitar.
a astúcia não é disciplina acadêmica, mas, sobretudo, conquista das dificuldades. chegar à presidência da república com uma família bem constituída, vinculada ao poder, boas escolas, e convenientes relações pessoais, é muito mais fácil do que sem esses privilégios de nascimento e destino. é esse o contraste forte entre os srs. fernando henrique cardoso e luiz inácio da silva. a astúcia de lula não é uma deformação do caráter, mas sim, recurso de seu atribulado destino. ela se contrapõe à esperteza – essa, sim, uma irmã bastarda da astúcia.
os que estiveram presentes testemunham que fernando henrique se encontrava constrangido durante os eventos, e procurava esquivar-se das fotos. foi necessário que o fotógrafo de chirac o enquadrasse ao lado de lula em uma das imagens divulgadas.
o presidente lula comportou-se como um estadista acima das questões imediatas da política. ao levar os dois ex-presidentes em sua comitiva, procurava conduzir o brasil como um todo, não a facção política eventualmente no poder. atuou da mesma forma ao convidar representantes de outras religiões (…).
o ex-presidente levará algum tempo para refazer-se do arranhão de ponta de sabre, no golpe de esgrima de lula.”

o que não concordo muito é com esse papo de esperteza ser irmã bastarda da astúcia. esperteza pode ser um lixo, mas por que o pejo negativo na palavra “bastarda”? qual é, afinal, a indignidade de ser bastardo?

também penso se ele não está exagerando em tamanha habilidade de dom lula – afinal, o clinton também estava lá, coladinho nos bushes…

mas e essa foto do chirac com lula & fhc, fhc & lula, juntinhos, judite? eu não vi, alguém aí viu? onde é que foi parar aquela menina?

falando em menina, fico cada vez mais triste com a ausência da mãe de santo na comitiva papa-lulal… desconfio que ela seria a única representante de alguma religião, er, “profana” (“bastarda”?), provavelmente uma das únicas religiosas mulheres naquele festim. desperdiçamos.

(esse título não tem asterisco, porque djavan está sempre em catálogo.)

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