Ao redor do mundo inteiro rara será a infância que não tenha se encontrado, desde suas publicações, com os clássicos “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll, e “Peter e Wendy”, de J. M. Barrie, onde surge o personagem Peter Pan, publicadas respectivamente na segunda metade do século XIX e na primeira do século XX.
“Alice e Peter: onde nascem os sonhos”, de Brenda Chapman (diretora de “Valente”, 2012), cruza as duas oníricas histórias transformando os personagens em irmãos. O resultado é um filme delicado, em que coisas de adulto e coisas de criança continuam configurando um embate, mas separadas por linhas tênues.
É quando uma tragédia se abate sobre a família que Alice (Keira Chansa) e Peter (Jordan A. Nash) se unem ainda mais, sentindo o peso de responsabilidades, mas sem querer abrir mão da capacidade de sonhar, essa perda que nos torna adultos e talvez seja sua principal característica, avaliam. A Terra do Nunca e o País das Maravilhas fundem-se no tempo e no espaço, como um refúgio dos dramas e agruras familiares, dos quais eles não podem escapar.
Entre chás da tarde, lutas de espada, arco e flecha, navio pirata e todo o imaginário a que está acostumado quem tenha lido os livros ou visto alguma de suas inúmeras adaptações ao cinema e teatro, os filhos percebem as dificuldades dos pais, Jack (David Oyelowo) e Rose (Angelina Jolie), em criá-los.
“Alice e Peter” é o primeiro live action de Brenda Chapman e não abusa dos efeitos especiais, usados para realçar o universo de magia que envolve os personagens desde suas histórias originais até a junção neste longa-metragem ao mesmo tempo comovente e dilacerante, em que merece destaque também o protagonismo negro.
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