
Morreu esta manhã em João Pessoa, Paraíba, aos 95 anos, o compositor, cantor e pandeirista Antonio Barros, compositor de um dos maiores sucessos da música brasileira, tornado clássico com Os Três do Nordeste e, principalmente, Ney Matogrosso: Homem com H. Poucos não a terão ouvido nessa vida: “Nunca vi rastro de cobra nem couro de lobisomem/Se correr o bicho pega se ficar o bicho come/Porque eu sou é homem/Menino, eu sou é homem“. Foi um dos parceiros inesquecíveis de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Barros sofria do Mal de Parkinson, uma doença degenerativa, e estava internado desde o início deste ano. Nascido em Queimadas, no interior da Paraíba, ele era casado com a também compositora Cecéu (Mary Maciel Ribeiro), que foi apresentada a Luiz Gonzaga em 1972, na sede da RCA, no Rio, e também se tornaria parceira do Rei do Baião (é a autora de Forró Nº 1, gravada por Gal Costa).
Antonio Barros conheceu Luiz Gonzaga em 1950, quando morava no Recife e tocava pandeiro na Rádio Clube de Pernambuco. Disse que ficou sem ação quando viu o artista de Exu. “Todo compositor nordestino sonhava em ter uma música gravada por Luiz Gonzaga”. Apresentou então a ele um dos seus clássicos, Estrela de Ouro. Gonzaga não só gostou, como gravou essa, outro clássico, Ói Eu Aqui de Novo, e passou a escalar o compositor para tocar triângulo e zabumba no seu trio, eventualmente. Gonzaguinha foi quem disse a Ney Matogrosso para gravar a canção Homem com H. “Ney, essa música vai te dar um diferencial”.
“Chega tremi quando olhava pra ele”, contou. Gonzaga lhe ordenou: “Pega a música”. O artista foi buscar. “Não sei como entreguei a música pra ele, naquele tempo nem tinha gravador. 1950”.
“Tive uma vida musical com ele muito boa”, contou Barros. Ele teve canções gravadas, além de Gonzaga, por Gilberto Gil, Fagner, Elba Ramalho, Ivete Sangalo, Alcione, Genival Lacerda, entre dezenas de outros. Sua mulher a partir do início dos anos 1970, Cecéu, acabou se tornando uma das autoras de hits juninos, uma das artistas que arrombou o Clube do Bolinha nordestino, ao lado de Marinês, Anastácia e Glorinha Gadelha. A obra do casal foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Paraíba pelo governo local.