A cantora e compositora Emanuele Paz olha para trás ao mesmo tempo em que mira o futuro: na rua em que cresceu, no bairro Vera Cruz, periferia de São Luís, ela posa para a capa de Marco Zero, seu EP de estreia. “O gueto não passa bem”, canta em “O gueto”, faixa de abertura do trabalho contundente, a denúncia social uma marca que permeia a obra da estudante de Teatro da Universidade Federal do Maranhão.
Com o reggae por base, nas cinco faixas do EP Emanuele Paz registra composições próprias (“Melô de menina garota” e “Não morro, não corro”) e de Eni Ribeiro (“Gueto”, “Alcaloides” e “Brisa boa”) – com quem faz dueto nas três faixas de sua autoria.
A produção do EP é de Adnon Soares e Emanuele Paz está acompanhada por Carlos X (guitarra), Leonardo Pato (baixo) e Kelson Ribeiro (bateria). A produção executiva é de Izadora Gonçalves e Gabriel Neiman, com direção de fotografia de Alan Rodrigues e beauty de Sasha Gabs.
Hoje (30), às 19h30, Emanuele Paz apresenta o show Marco Zero, de lançamento do EP homônimo, no encerramento da programação de Férias no Teatro, do Sesc Maranhão. A apresentação acontece no Teatro Sesc Napoleão Ewerton (Condomínio Fecomércio, Edifício Francisco Guimarães e Souza, Jardim Renascença), com ingressos entre R$ 2,50 e R$ 10,00, à venda na bilheteria do teatro.
No show, Emanuele Paz (voz e triângulo) sobe ao palco acompanhada pelos músicos Memel Nogueira (sanfona), Hugo César (baixo) e Dudef (zabumba), além da DJ Selekta Groove (beats). Ela adianta que na primeira parte do show desfilará o repertório do EP, contando ainda com a participação especial do cantor e rapper Biodz; na segunda, seu projeto Lado B, dedicado ao resgate de músicas menos conhecidas de artistas como Marinês (1935-2007) e Júlia Vargas.
Os instrumentos anunciados remetem mais ao forró que ao reggae e isto não é coincidência. Aos 15 anos Emanuele Paz começou suas primeiras incursões na música, época em que chegou a integrar um grupo de forró, tocando zabumba. “São músicas que eu me identifico muito, por conta das mensagens delas. A Marinês tem músicas de cunho muito social, de cunho muito político, e isso dentro de outra musicalidade, que é o forró. E eu opto por essa versão, por essa formação, justamente por essa proximidade e por gostar muito das texturas que esses instrumentos trazem, é algo que me toca bastante”, explica.
“A brisa é boa mas não pode ser à toa”: é o som de Emanuele Paz ganhando o mundo – ano passado ela lançou também o single autoral “Ai, neném”. “A periferia que dança reggae todo dia” (aspas de “Brisa boa”) já sabe e quem não sabe precisa ouvir. A noite de hoje é ótima oportunidade.
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Ouça Marco Zero:
Gostei da maneira como você explorou diferentes nuances do tema, proporcionando uma análise muito mais completa.