Mirada homenageia o teatro peruano

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Peça "El Teatro Es Un Sueño"
Peça "El Teatro Es Un Sueño" - Foto: Ramiro Contreras/ Divulgação

Em sua 7ª edição, o Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas apresentará 33 espetáculos, sendo 11 deles só do Peru, país homenageado. De 5 a 15 de setembro, companhias de dez países se reúnem em torno de uma programação que celebra não só a cena contemporânea, mas acima de tudo os elos que unem (ou separam) esses povos em uma chave crítica ao processo de formação das sociedades latinas.

Que ninguém se espante, muitos espetáculos são perpassados por episódios de violências de todos os tipos, como os raciais, de gênero, ambientais e de recursos (leia-se posse). A decolonização foi, é e sempre será uma temática em evidência nas edições do Mirada, sobretudo por desnudar as relações de poder marcadas por assimetrias políticas e econômicas.

Pegue o exemplo de Esperanza, de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que parte de um Peru recém-saído da ditadura nos anos 1980 para mostrar como os sonhos de um país livre tinham de conviver com uma violência urbana que só escalava. Em El Rincón de Los Muertos, o ator Ricardo Bromley, aborda em um monólogo a brutalidade que tomou de assalto a cidade de Ayacucho, nos Andes peruanos.

La Vida em Otros Planetas, sob direção de Mariana de Althaus, apresenta a metáfora de uma educação possível em um “outro planeta” de professores e alunos invisibilizados. É a realidade do ensino público no Peru, mas facilmente replicável no Brasil e em países da América Latina. O tradicional grupo Yuyachkani abre o festival com El Teatro es un Sueño, com um espetáculo ao ar livre, que presta uma homenagem às artes cênicas. Na última edição, dois anos atrás, a companhia já se apresentou com o espetáculo Discurso de Promoción, visto por FAROFAFÁ.

A convite do Sesc, FAROFAFÁ vai cobrir o Mirada 2024 e trará um panorama dos espetáculos assistidos nesta 7ª edição, que contará com 12 peças dos países Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, e mais 13 trabalhos nacionais dos estados Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. Para quem está se programando para participar, segue uma lista de “apostas” de espetáculos que vale uma visita à Baixada Santista (com trechos da sinopse oficial):

Cena de "Yo Soy El Monstruo que os Habla"
Cena de “Yo Soy El Monstruo que os Habla” – Foto: Enric Vives-Rubio/ Divulgação

Yo Soy El Monstruo que os Habla (ESP) – [Esgotado] Paul B. Preciado “coloca em cena cinco ‘monstros’, pessoas trans e não binárias, para deixarem a jaula em que foram colocados, pelas normas vigentes, e inventarem outras formas de liberdade”. Dias 6 e 7 de setembro.

Ubu Tropical (BRA) – A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz “o grupo “encena sua versão da história de Pai Ubu, personagem grotesco e ambicioso, símbolo de destruição e estupidez”. Dias 8 e 9 de setembro.

Mendoza (MEX) – A cia mexicana Los Colochos Teatro “traz Macbeth, tragédia de William Shakespeare sobre um nobre que comete atrocidades para chegar ao trono, para o contexto do México revolucionário de 1910”. Dias 9 e 10 de setembro.

Palmasola – uma cidade-prisão (BOL/SUI) – [Esgotado] “Palmasola é uma cidade-prisão em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), uma área amuralhada onde vivem detentos e seus familiares, repleta de comércios e regida por normas próprias”. Dias 12 e 13 de setembro.

G.O.L.P. (POR/CHI) – “O espetáculo imagina uma ucronia, uma história hipotética que retrata um Portugal comunista supostamente perfeito e um Chile democrático em crise”. Dias 10 e 11 de setembro.

Vila Socó (BRA) – O Coletivo 302 “resgata narrativas de três bairros operários da cidade” de Cubatão, onde “há 40 anos, um vazamento de gasolina provocou um incêndio na Vila Socó”. Dias 10 a 12 de setembro.

Tierra (URU) – O franco-uruguaio Sergio Blanco “apresenta uma peça que gira em torno da figura da sua mãe, Liliana Ayestarán, que morreu nos braços do dramaturgo em 2022”. Dias 13 e 14 de setembro.

Azira’i (BRA) – “Narra a relação da atriz com sua mãe, Azira’i, primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão”. Dia 15 de setembro.

El Presidente Más Feliz (PER) – “Esta sátira discute como a corrupção e o abuso de poder se inserem no tecido social e afetam o bem-estar da população”. Dias 14 e 15 de setembro.

As Cores da América Latina (BRA) – A peça é inspirada na “chilena Fiesta de la Tirana, o ritual de dança peruano Huaconada e o Cavalo Marinho, tradicional folguedo cênico brasileiro”. Dias 13 a 15 de setembro.

Sombras, Por Supuesto (ARG) – “Trama de ares realistas, com diálogos que flertam com o absurdo, acontece com a plateia ao redor do espaço cênico, como testemunhas dessa narrativa” inspirada no trabalho do cineasta Rainer W. Fassbinder. Dias 14 e 15 de setembro.

Cena de "Tierra", de Sergio Blanco
Cena de “Tierra”, de Sergio Blanco – Foto: Nairí Aharonián/ Divulgação


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