A deputada paraibana Luiza Erundina, que foi eleita prefeita de São Paulo em 1989

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sancionou na última sexta-feira a Lei 18.133, de autoria dos vereadores Ely Teruel (MDB) e Rodolfo Despachante (União), que cria o Memorial da Migração Nordestina na Cidade de São Paulo. O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal em maio. O museu terá como objetivo “preservar a memória dos milhões de nordestinos que migraram para o Município de São Paulo; prestar homenagem aos migrantes nordestinos pelo seu trabalho na formação e desenvolvimento da capital; registrar historicamente as imagens e documentos da migração nordestina; oferecer ao povo paulistano, aos migrantes e seus descendentes um espaço de memória e de homenagem aos migrantes nordestinos; homenagear grandes personalidades nordestinas que migraram e contribuíram com o desenvolvimento” de São Paulo.

Além do museu físico, a lei prevê que deverá ser criado Memorial Virtual da Migração Nordestina no Município de São Paulo, por meio de página oficial do Poder Executivo na internet, em sintonia com o acervo do museu público. Os recursos, segundo o texto, deverão correr por conta de dotação orçamentária própria da prefeitura, que poderá celebrar convênios com órgãos públicos federais, estaduais, bem como firmar parcerias com entidades da sociedade civil sem fins lucrativos.

Em 1989, a paraibana Luiza Erundina, nascida em Uiraúna, foi eleita prefeita da maior metrópole da América Latina. Foi a coroação de um rico relacionamento cultural, social e político que se intensificou nos anos 1950 – cerca de cinco milhões de pessoas chegaram a São Paulo na segunda metade do século 20, a maior parte delas vindas do Nordeste. A região, que conta com nove estados, é bastante diferente hoje do que foi na época, e há diversos Nordestes que a compõem. Mostrar essa diversidade, as características culturais e de paisagem, é importante para combater desinformação e preconceitos.

Um dos principais blocos políticos a disseminar preconceito e xenofobia contra nordestinos é a extrema direita. Isso se tornou quase uma política de Estado com Jair Bolsonaro. “Você pode ver, por que que tem uma migração aqui, do Nordeste pra cá? E não daqui pra lá? Os caras vêm aqui pra votar na esquerda? Fica lá, pô, não tá uma maravilha lá? Fica lá“, afirmou Bolsonaro, em uma das suas inúmeras demonstrações públicas de preconceito. Na semana passada, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, chamou o Nordeste de “a pior região do país”.

Há ainda outro projeto, em nível estadual, o Projeto de Lei 533/2022, de autoria dos deputados Adriana Borgo e Gil Diniz, que autoriza o Poder Executivo a criar o Museu Estadual de Cultura e das Tradições Nordestinas em São Paulo. O texto foi aprovado em dezembro de 2022 e aguarda a sanção ou veto do governador.

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