Mais conhecido como sanfoneiro, o também cantor, compositor e multi-instrumentista Sivuca (1930-2006) completaria 94 anos no próximo dia 26 de maio e ganha nesta sexta-feira (17) o inspirado tributo Viva Sivuca (Mills Records, 2024; faça aqui o pré-save), novo álbum de Claudia Castelo Branco.
Pianista, cantora e compositora, a metade do Duo Gisbranco – com Bianca Gismonti – lança álbum de intérprete em que passeia pelo repertório de Severino Dias de Oliveira, nome de pia do homenageado, demonstrando-lhe a versatilidade, uma variedade de parceiros e sua reconhecida habilidade como melodista, além de reafirmar suas próprias qualidades, cantando e tocando o repertório, ao mesmo tempo sofisticado e popular.
Claudia Castelo Branco (voz e piano) está acompanhada de Fred Ferreira (baixo e guitarra) e Marcos Suzano (percussão). Pedro Miranda faz uma participação especial no dueto em “João e Maria” (Sivuca/ Chico Buarque). À seleção não faltam clássicos como “Adeus, Maria Fulô” (Sivuca/ Humberto Teixeira), “Feira de Mangaio” (Sivuca/ Glorinha Gadelha), “Cabelo de Milho” (Sivuca/ Paulinho Tapajós) e “Capim do Vale” (Sivuca/ Paulinho Tapajós).
As releituras de Claudia Castelo Branco têm bastante personalidade. Ela assina os arranjos, com a colaboração dos músicos que a acompanham, além da produção musical, deixando tudo sob medida para seu mergulho profundo no universo de Sivuca. A singela “Canção Que Se Imaginara” (Sivuca/ Paulinho Tapajós) é a única faixa que ela canta sozinha, acompanhando-se ao piano. “A princesa, porém/ por gostar de cantar/ tinha um encanto que ninguém/ jamais irá quebrar”, diz trecho da letra.
Viva Sivuca tem dois temas instrumentais: “Um Tom Para Jobim” (Oswaldinho do Acordeom/ Sivuca) e “Cabaceira Mon Amour” (Sivuca), título original de “Cheirinho de Mulher”, antes desta ganhar letra de Glorinha Gadelha – ela gravou as duas versões no álbum.
“Estrela Guia” (Sivuca/ Paulo César Pinheiro), lançada por Clara Nunes (1942-1983) em 1980, traz mensagem de esperança infelizmente bastante atual, em tempos de guerras e tragédias como a gaúcha: “Ah, a estrela guia vai romper/ e alguém no povo vai nascer/ e o nosso tempo de chorar/ vai se acabar”, começa a letra. E adiante: “E sob os céus do país/ não lutaremos jamais/ e esse será o mais feliz/ dos carnavais/ Vão se calar os fuzis/ vão se beijar os casais/ pela esperança de um povo em paz”.
Com 20 anos de carreira, diversos álbuns e palcos no currículo e uns tantos prêmios na bagagem, Claudia Castelo Branco segue construindo uma trajetória bonita e coerente, entre abrir os próprios caminhos e percorrer os abertos por nomes como Sivuca, a quem ela presta reverência neste seu novo álbum, num cruzamento de seu próprio talento e do homenageado, jogando luz sobre diversas facetas dele, ampliando o leque para além do estereótipo em geral atribuído aos sanfoneiros e a seu instrumento: o de que tocam “apenas” música nordestina, seja lá o que signifique este imenso guarda-chuva.
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