O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, reservou um equipamento público, o Theatro Municipal, para conceder, no próximo dia 25, das 20h às 22h, em uma festa para mil convidados, o título de Cidadã Paulistana à ex-primeira dama do País, Michelle Bolsonaro. A festa, que será fechada apenas para convidados, prevê uma apresentação da Banda da Polícia Militar de São Paulo.

O ato de Ricardo Nunes sugere uma sucessão de irregularidades. O aluguel do Theatro Municipal, que é mantido pelos impostos da população, custaria cerca de R$ 150 mil por noite para cerimônias privadas. Mas o mais grave é a propaganda eleitoral extemporânea: a possível homenageada, Michelle Bolsonaro, é possível candidata ao Senado Federal em 2026, e Nunes está em campanha para permanecer na Prefeitura, o que pode configurar promoção pessoal com finalidade eleitoral. O ato pode ainda vir a beneficiar as candidaturas regionais que porventura participem. Não custa lembrar que, no Carnaval, Nunes representou contra seu principal adversário, Guilherme Boulos (PSOL), pelo uso de um leque de abanar por foliões com o rosto de Boulos estampado nele, alegando propaganda extemporânea.

A concessão do título a Michelle Bolsonaro foi uma iniciativa do vereador Rinaldi Digilio (União) e contou com o apoio da base do prefeito Ricardo Nunes. A escolha dos títulos honoríficos municipais é feita por meio de decreto legislativo aprovado por dois terços dos vereadores. O título é a concessão de uma honraria para pessoas que tenham prestados relevantes serviços ao município, atos que contribuíram para o desenvolvimento da cidade e a promoção do bem comum. Michelle Bolsonaro vive em Brasília com as filhas e não há notícia de alguma ação sua que tenha impactado na vida paulistana.

Candidato do bolsonarismo e da extrema direita, Ricardo Nunes faz evidente uso político do cargo na Prefeitura para agradar o grupo político que lhe dá sustentação – é possível que o ex-presidente Jair Bolsonaro faça a indicação do nome do seu vice nos próximos dias, e a preferência do ex-presidente parece recair no nome do coronel Mello Araújo, que chefiou a Ceagesp. Araújo é coronel aposentado da Polícia Militar. A aglomeração no Municipal em torno de Michelle Bolsonaro certamente promoverá em profusão personagens da próxima eleição municipal.

Há ainda o problema de confusão na gestão. O Theatro Municipal está, neste momento, acolhendo uma récita da ópera Madama Butterfly, de Giacomo Puccini, libreto de 1898, com a Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral Paulistano, sob a regência e direção musical de Roberto Minczuk e regência de Alessandro Sangiorgi. Um ato político no decorrer de uma programação longamente estudada e contratada cria confusão e desagrado entre a classe artística.

TEXTO ATUALIZADO ÀS 20h05

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3 COMENTÁRIOS

  1. Impressionante a farra da corriola da direita, cobertos de abundante impunidade.
    Mídia conivente, cúmplice e conveniente.
    Uma quadrilha que derrama o lodo dessa fossa que fizeram transbordar, fedorenta e abundante em fezes.
    Impunes.

  2. Homenagear o MST em espaço e aparelhos públicos e de graça pode, é normal. Todo mundo que pensa diferente é extrema-direita. E a extrema-esquerda comuno-fascista é o quê? Ah, esqueci, são todos democratas.

    • A mais recente homenagem ao MST, pelos seus 40 anos, transcorreu na Câmara dos Deputados. O MST lidera há mais de dez anos a produção de arroz orgânico da América Latina, conforme o Instituto Riograndense de Arroz (Irga), além de produzir feijão, café, leite – tudo sem veneno. O MST não está em campanha para a Prefeitura de São Paulo. O MST recebeu, em 2021, o prêmio de Justiça Social da ONU. A comparação do leitor não só não é procedente, como vem acompanhada de preconceitos e dogmas.

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