“Two Kites”, duas pipas, em português, é a metáfora com que Tom Jobim (1927-1994) narra o desejo e o encontro de um homem e uma mulher, em uma canção de grande força imagética lançada pelo maestro soberano no álbum Terra Brasilis (1980).
Ano passado Maria Luiza Jobim lançou o inspirado Azul. A cantora nem era nascida quando o pai lançou “Two Kites”, música que chamou a atenção de sua conterrânea Silvia Machete. Se as pipas se cruzam no céu e na letra de Tom Jobim, o trabalho começou a costurar a parceria: Maria Luiza participou de dois shows de Silvia em São Paulo e a convidada acabou tendo seu novo show dirigido por ela.
Ambas se reencontram na inspirada releitura de “Two Kites”, que anuncia Invisible Woman, álbum que Silvia Machete planeja lançar em abril pela Biscoito Fino. O single em dueto chegou hoje às plataformas de streaming.
A música ganha vigor no pulsante diálogo entre a bateria de Vitor Cabral e o baixo de Lalo Brusco (que toca ainda guitarra, wurlitzer e faz vocais, além de assinar o arranjo, gravação, mixagem e masterização). Invisible Woman aprofunda a parceria de Silvia Machete com Alberto Continentino, seu parceiro em todas as faixas do álbum vindouro; a única exceção é “Two Kites” – em Rhonda (2020), álbum anterior da cantora, ele assina sete das 11 faixas, seis delas em parceria com Silvia Machete.
Invisible Woman dá sequência a Rhonda, álbum inteiramente cantado em inglês, a cujo repertório comparece outro compositor brasileiro: de Tim Maia (1942-1998), Silvia Machete regravou “With No One Else Around” (1978). Na letra de “Two Kites” Tom Jobim dizia poder perguntar o que você faz com seus dias, suas noites, seu tempo, sua vida, em tradução livre; uma resposta possível é: ouçam o dueto de Silvia Machete e Maria Luiza Jobim.
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Ouça “Two Kites”: