O blues de Caymmi no mergulho profundo de Adriano Grineberg

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O bluesman e multi-instrumentista Adriano Grineberg - foto: Matheus Leite/ divulgação
O bluesman e multi-instrumentista Adriano Grineberg - foto: Matheus Leite/ divulgação

Na gênese do blues, ritmo de origem afro-americana que vicejou nos Estados Unidos, estão os cantos de trabalho e spirituals de negros (escravizados ou descendentes) em lavouras. Na obra do baiano Dorival Caymmi (1914-2008) cruzam-se referências ao modo de vida de pescadores – os trabalhadores do mar – e orixás.

Em que ponto se cruzam estes universos? Uma resposta possível é Eufótico (faça o pré-save aqui), em que o bluesman e multi-instrumentista brasileiro Adriano Grineberg relê nove pérolas do buda nagô em roupagem de blues: “A Lenda do Abaeté”, “Promessa de Pescador”, “O Vento”, em dueto com Badi Assad (voz e violão), “Morena do Mar”, “Canoeiro”, “Canto de Nanã”, “Vou Ver Juliana”, “Noite de Temporal” e “É Doce Morrer no Mar”, única do repertório em parceria, com o escritor Jorge Amado (1912-2001). O álbum chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (19).

O título vem da zona eufótica, termo da ecologia que designa a superfície marinha, a camada mais superficial do oceano, que recebe luz solar e onde ocorre maior incidência de vida marinha; é onde também podemos mergulhar em segurança, sem risco de morte – como atesta a foto de Grineberg na capa (de Sheila Oliveira, que assina todo o projeto gráfico do projeto, inclusive os vídeos – com animações de Flávio Reales e Márcia Caram).

Em Eufótico, quinto álbum de Grineberg e seu primeiro mergulho na música popular brasileira e cantando em sua língua pátria, o artista está acompanhado por Edu Gomes (guitarra), Fabá Jimenez (guitarra), Fabio Sá (contrabaixo), Carlos Bala (bateria) e Mestre Dalua (percussão). O próprio Grineberg pilota órgão hammond, teclados, piano, escaleta, fender rhodes, flauta drone xamânica, harmonium e percussão.

Também é na zona eufótica que as plantas verdes marinhas fazem fotossíntese, esta uma boa metáfora para este álbum em que Adriano Grinebert homenageia Dorival Caymmi: Eufótico certamente agradará tanto blueseiros quanto ouvintes de MPB, desde que estes se permitam um mergulho mais profundo, para além de suas zonas de preferência.

"Eufótico". Capa. Reprodução
“Eufótico”. Capa. Reprodução
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