Jornalista de formação, Carlos Rennó alcançou a glória como letrista de música popular logo no início de sua trajetória no ofício: “Escrito nas Estrelas” (1985), parceria sua com Arnaldo Black, interpretada por Tetê Espíndola, vencedora do Festival dos Festivais, promovido pela Rede Globo naquele ano, é, até hoje, hit indiscutível.
Também versionista experimentado, Rennó já verteu ao português clássicos dos norte-americanos Cole Porter (1891-1964) e George Gershwin (1898-1937) e à dupla dedicou o álbum (coletivo) “Cole Porter, George Gershwin – Canções, Versões” (1999), reunindo diversos intérpretes.
Nos últimos tempos têm se dedicado também a escrever letras quilométricas em apoio a causas socioambientais e de direitos humanos, também se cercando de elencos estelares da música popular brasileira, num amplo arco de gerações, origens e gêneros.
Nesta sexta-feira (15) chega às plataformas digitais o álbum Muita Lindeza – Letras de Amor de Carlos Rennó e Músicas de Parceiros (Biscoito Fino, 2023; faça o pré-save aqui), que celebra suas parcerias com Paulinho Moska (“O Laço Que Une Eu e Você”), Samuel Rosa e Juliano Rosa (“Declaração”), o uruguaio Jorge Drexler (“Sá”, a única faixa ainda não lançada como single), Moreno Veloso (“A Sua Vida, Preta, Importa Pra Mim”), João Gil (a faixa-título), João Bosco (“Mundo em Expansão”), Bem Gil (“Deus Proteja Meu Filho”), Moraes Moreira (1947-2020) (“Baião Pra Uma Baiana em São Caetano”), Marcelo Jeneci (“A Rima Perfeita”) e Felipe Cordeiro (“Apaixonado Por Você”).
Em sua quase totalidade, as músicas são interpretadas pelos respectivos parceiros. As exceções são a faixa-título (interpretada por Gilsons e Cortejo Afro), “Mundo em Expansão” (por José Gil e Mariá Pinkusfeld), “Deus Proteja Meu Filho” (por Preta Ferreira) e “Baião Pra Uma Baiana em São Caetano” (em que Moraes Moreira, em sua primeira gravação lançada post mortem, é acompanhado por Davi Moraes).
“Muita Lindeza” é mais uma prova da versatilidade de Carlos Rennó e de sua capacidade agregadora, desta vez debruçando-se, com a habitual sofisticação, sobre o mais universal dos temas cantados em verso e prosa: o amor. Ainda que em canções como “A Sua Vida, Preta, Importa Pra Mim” e “Deus Proteja Meu Filho” se equilibrem entre o amor e a política. A produção é do renomado Apollo Nove e a capa é do artista plástico baiano Roney George.