Um barco anfíbio parado em plena Rua da Estrela, na Praia Grande, Centro Histórico de São Luís do Maranhão, entre a Praça Nauro Machado, o Teatro João do Vale e a Câmara Municipal, endereços bastante conhecidos. À primeira vista pode parecer inusitado, mas trata-se da exposição itinerante que celebra os 50 anos de carreira de Araquém Alcântara, um dos mais importantes nomes da fotografia brasileira em todos os tempos.
O barco tem dois telões que projetam simultaneamente uma coletânea de imagens captadas por Araquém Alcântara nestas cinco décadas de trajetória – um fotógrafo essencialmente da natureza, mesmo quando fotografa em centros urbanos. Cada seção é apresentada por um pequeno texto do fotógrafo, reflexões sobre seu ofício, movido pelo prazer e pelo espírito de aventura.
A exposição itinerante é acertadamente tratada como expedição – já passou por alguns municípios do Pará (Belém, Juruti, Santarém e Alter do Chão). Em São Luís já percorreu a Av. Litorânea (entre o dia 3 e ontem) e chegou hoje à Praia Grande, onde fica até amanhã (7, das 16h às 20h) – a abertura foi prestigiada pelo governador do Maranhão Carlos Brandão e por Mônica Schalka, diretora da editora Vento Leste, que publicou vários livros de Araquém Alcântara, e realiza a expedição, com patrocínio do Ministério da Cultura e Alcoa.
Ainda na grande ilha percorrerá as comunidades de Coqueiro (dia 8, em frente à União de Moradores do Coqueiro, de 9h às 18h), Mangue Seco (dia 9, na Escola Professor Mário Martins Meireles, no mesmo horário) e Estiva (dia 10, na União de Moradores de Estiva, idem). A visitação é gratuita.
A arte fotográfica de Araquém Alcântara é um convite à reflexão em torno da preservação da natureza. Uma das seções registra, por exemplo, queimadas na selva amazônica, convidando a sociedade à ação. Ele mesmo afirma que seu trabalho é uma forma de “lutar com fotografias e palavras por uma nova ética, uma nova consciência planetária”.
Em preto e branco ou colorido, sobra beleza nos registros que Araquém Alcântara: eternizados por seus cliques precisos, vemos floresta, rios, bichos e gentes, no registro do cotidiano, da religiosidade, do convívio com a natureza, da busca pela sobrevivência.
O fotógrafo dispensa apresentações: é um dos precursores da fotografia de natureza no Brasil e seu vasto currículo já conta mais de 70 livros (22 deles em coautoria), três prêmios internacionais, 32 prêmios nacionais e 75 exposições individuais, além de incontáveis ensaios e reportagens para jornais e revistas brasileiras e estrangeiras.
Parte da exposição e a dinâmica da expedição podem ser conferidas no site do projeto.