‘Red: Crescer é uma Fera’: as dores do crescimento

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Red: Crescer é uma Fera, novo filme da Pixar
Red: Crescer é uma Fera, novo filme da Pixar - Foto: Divulgação

A animação da Pixar Red: Crescer é uma Fera, em streaming na Disney+, percorre um curioso caminho desde que foi lançado, no último dia 11. Foi recebido com avaliações generosas e positivas da crítica, que viu no filme mensagens de autoconhecimento, de valorização do eu, da importância dos amigos e da ideia de que é preciso viver o hoje. Mas não demorou muito para que as avaliações do público (leia-se certos pais) começassem a surgir para questionar se a história não estaria ensinando aos jovens que dizer “não” aos adultos é uma atitude correta. Ou que essa é uma narrativa, diferente de tantas outras da Pixar que sempre tem algo a dizer para qualquer público, voltada exclusivamente ao público feminino.

Mei Lee (voz de Rosalie Chiang, no original em inglês, e Nina Medeiros, no Brasil) tem 13 anos e vive os desafios e as dores do crescer, em meio à particular explosão hormonal de meninas dessa idade (sim, puberdade e primeira menstruação são temas da história). Ela se vê dividida entre respeitar a mãe, a protetora Ming (com a voz de Sandra Oh e Flávia Alessandra), que sempre dá um jeito de estar por perto, ou se jogar nas alegrias e nos desafios de ter chegado à adolescência. De um lado, está a tradição familiar, secular até, porque a garota é descendente de chineses e o respeito aos mais velhos é quase uma condição de existência. Do outro, estão as suas amigas, que são uma turma capaz de fazer o que for necessário para alcançar seus objetivos. No caso delas, o mais urgente é ir a um show da internacional boy band 4*Town.

Cena de Red: Crescer é uma Fera, animação da Pixar/Disney
Cena de Red: Crescer é uma Fera, animação da Pixar/Disney – Foto: Divulgação

O que a Pixar entrega, novamente, não é um filme de arrancar lágrimas por sua nostalgia ou por suas mensagens carregadas de lutos e perdas (Up – Altas Aventuras, Nemo, Toy&Story e por aí vai). De novo, porque em Luca, o estúdio de animação projetava uma história emotiva, sem que alguém tenha morrido ou deixado em definitivo algo para trás. Red: Crescer é uma Fera é desta linhagem, com um importante acréscimo nas produções que ganham o mundo pelo mundo da Disney. Essa é uma história em que as mães exercem um papel muito simbólico. De Branca de Neve e Bela Adormecida a Frozen ou Moana, as mães nunca exerciam influência honesta no destino das protagonistas.

Em Red: Crescer é uma Fera, Mei vive ainda uma questão em particular, simbólica, mas de interessante complexidade. Sempre que a adolescente se vê muito excitada por algo, ela se transforma num panda vermelho gigante. Não demorará para a protagonista descobrir que ela precisa controlar sua ansiedade e suas emoções para não se tornar o ser em destaque na sociedade. E é aí que o velho dilema emerge e se torna uma espécie de disputa campal. A mensagem é singular: cedo ou tarde, todos os jovens terão de enfrentar os pandas que vivem dentro deles. Se isso vai ser bom ou ruim, transmitir o recado de que as pessoas podem ter autonomia e uma dose de autodescobrimento no início da jornada de suas vidas é algo muito salutar. Alguns pais até podem chiar, mas uma boa sugestão a eles é que assistam ao filme ao lado de seus filhos e perguntem a si mesmos porque se incomodaram tanto com a película.

Red: Crescer é uma Fera. De Domee Shi. Estados Unidos, 2022, 100 mins. Na Disney+
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