O ministro do Turismo, Gilson Machado, designou nesta quarta-feira como responsável pela gestão de pessoas da Fundação Cultural Palmares o jornalista Marco Frenette, coordenador geral do Centro Nacional de Informação e Referência da cultura negra da instituição. Por decisão judicial, o presidente da Fundação, Sérgio Camargo, não pode assinar atos da gestão de pessoas desde 11 de outubro de 2021, tendo se tornado uma figura decorativa (de Halloween, dirão alguns) na casa.
Marco Frenette é o codinome de Marco Aurélio Franco, que era chefe de Comunicação da gestão de Roberto Alvim, ex-secretário Especial de Cultura demitido em janeiro de 2020 por ter feito um discurso emulando conceitos do dirigente nazista alemão Joseph Goebbels. Foi atribuída a Frenette a gravação do vídeo com o discurso de Alvim, e ele foi afastado logo depois pela sucessora na secretaria, Regina Duarte.
Após estourar o escândalo do discurso de escopo nazista de Roberto Alvim, foi resgatada na internet uma foto de seu assessor Marco Frenette empunhando uma espada com a Cruz de Ferro usada amplamente como símbolo do Terceiro Reich na Alemanha, mas ele apagou a foto, assim como outra imagem na qual o então chefe de comunicação dirigia Alvim no fatídico vídeo que levou à sua demissão.
Após o episódio, Sergio Camargo, amigo do jornalista, logo convidou Frenette para integrar a Fundação Palmares. Frenette, que já ocupou a presidência da fundação nas férias do titular, foi encarregado então de promover uma ação de expurgo de livros considerados “perigosos” do acervo da Fundação Palmares. A ideia era doar os livros (na impossibilidade de destrui-los), mas a Justiça impediu e ele criou uma sala com o acervo “degenerado”, cerca de 5,5 mil livros, entre eles obras de Eric Hobsbawm, Caio Prado Jr., Celso Furtado, Karl Marx e Max Weber.
Até este momento, a gestão de pessoas da fundação estava a cargo de Marcos Petrucelli, ex-crítico de cinema e também da ala olavista do governo. Ele tem o cargo de diretor de Fomento e Promoção da Cultura Afrobrasileira na Fundação Cultural Palmares. Quando a Justiça interditou Sergio Camargo, ele tuitou: “Falei agora com Sérgio Camargo! A saber 1: por determinação judicial, eu, Marcos Petrucelli, agora sou o gestor de pessoal da @PalmaresGovBr. Posso contratar e exonerar quem eu quiser, inclusive o próprio Sérgio. A saber 2: NADA VAI MUDAR!!! @sergiodireita1 é o presidente!”. Sua ação mais recente foi a exoneração, em janeiro, da servidora Aurea Dias de Oliveira da representação da Fundação Palmares.