Cena de Duna, de Denis Villeneuve
Cena de Duna, de Denis Villeneuve - Foto: Divulgação

“Duna”, de Denis Villeneuve, é uma obra colossal, sem exageros. É cinema para tela grande, mas que em tempos pandêmicos e preguiçosos funciona a contento no streaming. Trata-se da história de um herói em formação, baseada na clássica ficção científica criada por Frank Herbert, em 1965. O ficcionista trabalhou, na obra original, em questões complexas como religião, política, Oriente Médio e o destino da humanidade, mas que, ao final, serve de alerta para o que será de um mundo que devasta seu meio ambiente.

Em “Duna”, Paul Atreides (Timothée Chalamet) é o jovem herói descendente de uma família nobre que é chamado a uma aventura. Com sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), ele está prestes a se mudar para Arrakis, também conhecida como Duna, em uma missão recebida por seu pai, o duque Leo (Oscar Isaac). Para se livrar dessa família, o imperador incumbe o duque Leo a praticamente colonizar o árido planeta Duna, onde vivem monstruosos vermes de areia, um misterioso povo freemen (algo como os beduínos no deserto) e uma viciante mercadoria, chamadas de especiarias.

A colonização, como toda colonização conhecida, embute mecanismos de dominação, imposição de doutrinas religiosas e desprezo com a cultura dos povos colonizados. A opressão é a palavra-chave. Em “Duna” de Villeneuve, Atreides viverá seus dilemas acerca dessa luta por poder, dotado de alguns poderes excepcionais de premonição e controle da força e da mente. Todas as pistas indicam que ele está predestinado a se apaixonar por Chani (Zendaya), uma nativa que lhe surge como uma miragem e vive no planeta misterioso. Ela tem uma presença incipiente, pelo menos nesta que parece ser a “primeira parte” da obra.

Atriz Zendaya, em cena de Duna, de Denis Villeneuve
Atriz Zendaya, em cena de Duna, de Denis Villeneuve – Foto: Divulgação

O filme estreou em outubro nos cinemas e está disponível em streaming na HBO Max. Uma segunda parte já foi prometida pela Warner Bros para outubro de 2023, ou seja daqui a dois anos. Até agora, o faturamento do filme já supera os 370 milhões de dólares, mais que o dobro do orçamento original, de 165 milhões de dólares. O livro de Frank Herbert possui quase mil páginas (nenhuma delas lida por este jornalista) e já teve outras tentativas de ser transposta para a tela grande. Em 1975, o diretor mexicano Alejandro Jodorowsky falhou, mesmo tendo roteirizado o filme e chamado Moebius para produzir o storyboard da obra. Em 1984, David Lynch comandou uma versão dessa ficção científica, não chegando a fazer sucesso nas bilheterias.

Villeneuve, de A Chegada e Blade Runner 2049, construiu, em Duna, não só o filme mais aguardado de 2021, mas um espetáculo colossal com muitas camadas que perpassam a extraordinária produção cênica, a densidade da trilha sonora futurística até as múltiplas interpretações acerca da experiência humana possível daqui a milhares de anos. Duna 2, quando chegar, vai resolver o emaranhado de questões deixadas pela atual produção e absolutamente desconhecidas para quem não leu o livro original.

Duna. De Denis Villeneuve. Na HBO Max, Estados Unidos, 2 horas e 35 minutos.

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