Cerveja e grupos de bumba meu boi apostam suas fichas no São João do ano que vem

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O bailarino Mano Braga em momento da coletiva de ontem. Foto: divulgação
O bailarino Mano Braga em momento da coletiva de ontem. Foto: divulgação

Em mais um junho sem arraiais, expectativas e iniciativa miram 2022

Em entrevista coletiva virtual realizada na tarde de ontem (24), dia de São João, a cerveja Magnífica anunciou o projeto “Reviver do Boi”, que começa a criar certa expectativa para as festas juninas do ano que vem – pelo segundo ano consecutivo elas não acontecem em razão do prolongamento indefinido da crise sanitária vigente, em razão da pandemia de covid-19.

O evento foi aberto e fechado com a toada “Tempo certo”, clássico de Ubiratan Sousa, coreografada pelo bailarino Mano Braga, da Companhia Encantar. Foram apresentados os grupos de bumba meu boi, representando os diversos sotaques, que tomarão parte da iniciativa: o Bumba meu boi da Maioba, sotaque de matraca (ou da ilha), Boi de Pindaré, sotaque da baixada (ou pandeirões), o Boi de Axixá, representando o sotaque de orquestra (ou Munim), Boi Brilho da Sociedade, de Cururupu, sotaque costa de mão, Boi de Leonardo (ou da Liberdade), do sotaque de zabumba e, por fim, o Boi Barrica, representando os bois alternativos.

Para ano que vem está sendo pensado um grande espetáculo unindo esses grupos, para marcar o reencontro do povo maranhense com o bumba meu boi. A primeira etapa do projeto prevê a composição de novas toadas, inspiradas por sentimentos compartilhados por usuários de redes sociais – em tese, apreciadores da cerveja Magnífica. As postagens deverão marcar a hashtag #toadainvocada e os compositores se inspirarão nelas para criar as toadas que começarão a ser apresentadas ao público, como amostras do que vem por aí.

Em 2019 o complexo cultural do bumba meu boi foi declarado patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco, mesmo ano em que chegou ao mercado a marca da Ambev, genuinamente maranhense e feita a partir da mandioca, produzida por agricultores familiares do estado.

“O processo de criação das toadas é a primeira fase do projeto, sempre que a gente for divulgar como ficou a toada a gente vai divulgar todo mundo que está participando desse processo criativo. Os créditos serão dados, será mostrado o artista por trás da composição”, afirmou Thalita Barreto, gerente de marketing regional da Ambev, respondendo a questionamento da reportagem.

Lembrei-lhe que o palíndromo Reviver, em alguma medida, sequestrou o nome da Praia Grande – muita gente, até hoje, chama o bairro do Centro Histórico de São Luís pelo nome do inconcluso projeto de revitalização da área na segunda metade da década de 1980. A reportagem indagou se não temiam ocorrer o mesmo ou alguma eventual confusão entre as coisas. “Quanto ao nome, tem a ver mesmo com essa expectativa de retornar, de voltar, de reviver o encontro do maranhense com o bumba meu boi. A ideia é tudo o que os consumidores compartilharem de sentimentos, é pegar a frase e colocar na toada, inspirada num sentimento. A gente não mexe no processo criativo deles, não há interferência. A gente dá insumos para a criação”.

Em vídeos exibidos durante a coletiva de imprensa, representantes dos grupos manifestaram sua satisfação em participar do projeto e encarar o desafio da produção de novas toadas a partir dos sentimentos de internautas. Unânimes também foram os lamentos por mais um ano sem São João, concentrando todas as esperanças e expectativas para o ano que vem.

Terminada a coletiva, a vida sem glamour do jornalista: fui buscar a esposa no trabalho. Antes, pendurei no pescoço o apito recebido no kit da cerveja Magnífica, enviado a meu endereço na data. Cheguei ao trabalho dela apitando como se comandasse um batalhão. Pai Francisco e mãe Catirina voltaram para casa comentando o episódio, as risadas amenizando a ausência novamente sentida dos bois nos arraiais e largos da ilha.

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