Primeiro longa do francês Edouard Bergeon disponível em streaming no Brasil

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Rufus e Guillaume Canet em cena de "Em nome da terra". Reprodução
Rufus e Guillaume Canet em cena de "Em nome da terra". Reprodução

O imaginário popular consagrou paisagens rurais como pacatos, lugares de melancolia e bucolismo. “Em nome da terra”, do cineasta francês Edouard Bergeon, é, ao mesmo tempo delicado, comovente e brutal.

Baseado em uma história real, como o espectador é advertido de cara, o filme conta a história de Pierre Jarjeau (Guillaume Canet), que tem uma relação conflituosa com o pai e, mesmo assim, resolve assumir a fazenda da família quando este desiste da lida.

De uma modesta criação de cabras e galinhas, diante da ambição e do desejo de mostrar sua própria capacidade ao velho Jacques (Rufus), atola-se a cada dia em dívidas, choque com os filhos e a esposa (Claire, vivida por Veerle Baetens) e tragédias: afunda-se no tabagismo e no alcoolismo e perde o controle dos negócios, da família e da própria vida.

Não estamos diante de uma fábula com moral da história, mas de uma obra-prima da cinematografia francesa contemporânea, inspirada na própria vida do diretor, até então inédita no Brasil (em salas de cinema ou serviços de streaming), uma das estreias da semana na plataforma Belas Artes à La Carte – disponível a partir de 10 de junho (quinta-feira).

A partir da película de Edouard Bergeon é possível discutir temas como conflitos familiares, a evolução do mundo agrícola nas últimas décadas, vícios e seus enfrentamentos e o suicídio – “a cada dois dias um fazendeiro se suicida na França”, alerta uma cartela ao final do filme. É uma saga familiar filmada em uma perspectiva humana: é difícil apontar santos, heróis ou vilões.

“Em nome da terra” é o primeiro longa-metragem de ficção de Bergeon, realizado a partir do encontro com o produtor Christophe Rossignon, também filho de fazendeiro; o diretor já havia contado a história de sua família no documentário “Infrarouge: Les fils de la terre” (2012). Pelo longa ele foi indicado ao César, a mais importante honraria do cinema francês, de melhor filme de diretor estreante e Anthony Bajon (que interpreta Thomas, filho de Pierre) ao de ator mais promissor.

Serviço: “Em nome da terra” [“Au nom de la terre”; França, 2019, drama, 103 minutos; direção: Edouard Bergeon]. Estreia quinta-feira (10) na plataforma Belas Artes à La Carte
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