O que estão fazendo os poetas em tempos de confinamento?
O poeta Ademir Assunção, prêmio Jabuti de poesia de 2013 com o livro A Voz do Ventríloquo, faz o que sempre fez: persegue as possibilidades da linguagem.
Quando o isolamento fez-se incontornável, em março de 2020, ele iniciou a série de lives Poema em Casa. “Comecei lendo poemas meus; depois passei a ler poemas de outros poetas também, a maioria poetas brasileiros, contemporâneos, vivos, meus companheiros de viagem”.
Entre os autores, Augusto de Campos, Geraldo Carneiro, Claudia Roquette-Pinto, Edimilson de Almeida Pereira, Anitta Costa Malufe, Mario Bortolotto, Chantal Castelli e Paulo Henriques Britto, além dos já clássicos Roberto Piva, Paulo Leminski, Allen Ginsberg e Vladimir Maiakóvski. Mais de 70 autores.
“Também não pensei que os vídeos caseiros, veiculados no Facebook (facebook.com/ademirassuncao) e no Instagram (@ademirgassuncao) atingiriam tanta gente”. Foram mais de 20 mil visualizações.
“Não é nada desprezível, principalmente em se tratando de poesia. E sem Globoplay, sem patrocínio de nenhuma instituição pública ou privada. Só com a cara e a coragem e aquele velho slogan punk na cabeça: ‘faça você mesmo'”, disse o escritor.
Mas as ideias não param.
Em meio a problemas pessoais, Ademir começou a investir em outra seara. “Atravessei a tempestade criando poemas cinéticos – ideias que tinha há muitos anos mas não dominava as técnicas de animação para realizá-las”.
O mais recente saiu do forno nessa sexta-feira. Ei-lo:
Ademir Assunção desenvolve há mais de 20 anos uma linguagem de poesia oral nos palcos. Atuando no cenário artístico desde a década de 1990, o poeta apresentou espetáculos em várias cidades do Brasil e gravou os cds de poesia e música Rebelião na Zona Fantasma (em parceria com os compositores Madan e Ricardo Garcia, produção de Luiz Waack) e Viralatas de Córdoba (com sua banda Fracasso da Raça). Publicou 14 livros de poesia e ficção, como Pig Brother (finalista do Jabuti em 2016), Zona Branca, Adorável Criatura Frankenstein e Ninguém na Praia Brava. Seus poemas já foram traduzidos para o inglês, alemão e espanhol e publicados nos Estados Unidos, Espanha, Peru, México e Alemanha. Letrista de música, tem parcerias gravadas por Itamar Assumpção, Edvaldo Santana, Madan, Ney Matogrosso e Renato Gama. Em 2019, fez uma série de shows com a banda de reggae Buena Onda Reggae Club, com a qual tocou no circuito Sesc.