Como parte de uma ampla estratégia de atentar veladamente contra a autonomia das instituições culturais do País, o governo federal nomeou na quinta-feira, 6, o capitão de Mar e Guerra Carlos Fernando Corbage Rabello como presidente substituto da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Corbage tinha sido nomeado diretor executivo em setembro, subordinado à militante bolsonarista Letícia Dornelles. Mas trata-se de um estratagema: para não derrubar Letícia de forma intempestiva, o governo resolveu minar progressivamente suas prerrogativas na presidência. Já tinham tornado Corbage o ordenador de despesas da fundação.
Em fevereiro, o colunista Lauro Jardim, de O Globo, revelou que estava em curso um choque entre Letícia Dornelles e o secretário Especial de Cultura de Bolsonaro, Mario Frias. Ela tentou rebaixar Corbage e “cortar suas asas” no comando da fundação, o que desagradou os militares (ele é alto oficial da Marinha). Frias, cuja atuação é anêmica, foi chamado às falas. Isso foi interpretado como um choque entre as alas “ideológica” e militar.
Nota do redator: ala “ideológica” é escrita entre aspas aqui porque é termo usado para legitimar um grupo de características messiânicas, antidemocráticas e de assustadora virulência ligado ao fanático Olavo de Carvalho, que tem intenção de fomentar uma guerra cultural no interior do Estado brasileiro. De ideológica não tem nada, é extremista e negacionista.
Esse confronto entre grupelhos que fatiaram o poder em benefício pessoal já derrubou, há alguns dias, o presidente da Funarte, Lamartine Barbosa, coronel do Exército, que atribuiu sua queda a ação do secretário Mário Frias. Outro jornal, Folha de S. Paulo, denunciou que Frias promove perseguição a servidores por questões de natureza política ou comportamental, o que é crime e ensejou abertura de um processo contra o secretário.
A Folha de São Paulo hoje trouxe a seguinte matéria:
“Suécia inclui Brasil em fundo para cineastas de países com democracia ameaçada
Festival de Gotemburgo e governo sueco darão R$ 2,5 milhões a artistas de regiões onde liberdade autoral está ‘sob risco’
O festival sueco de cinema de Gotemburgo anunciou um fundo de apoio financeiro a cineastas de regiões “onde a liberdade de expressão está ameaçada”, em suas redes digitais nesta sexta (7). Os países escolhidos para receber o auxílio são Brasil, Sudão, Ucrânia, Irã, Iraque, Síria e Turquia.
A medida adotada pelo evento, que é um dos principais do setor na Suécia, tem suporte do Ministério das Relações Exteriores do país.
“A partir de 10 de maio, cineastas de quatro partes do mundo poderão enviar suas inscrições ao festival”, anuncia a nota publicada no site. “O fundo visa contribuir para um cinema diversificado, com maior liberdade artística e liberdade de expressão.”
Em nota, o ministério sueco define o projeto como uma ação importante para um período no qual “a democracia está sob risco” e “ameaças contra artistas e profissionais da cultura” aumentam nesses países.”
ESSA MATÉRIA DA FOLHA DÁ A DIMENSÃO DE COMO A CULTURA BRASILEIRA ESTA SENDO VISTA NO EXTERIOR: AMEAÇADA!
Seja na Fundação Casa de Rui Barbosa, na Biblioteca Nacional, na Funarte, na Fundação Palmares, na SAV e na SEFIC ou na Ancine.
A imagem atual é de um governo dirigista e autoritário.
A ação do governo sueco basicamente diz que o nosso audiovisual hoje (vide CSC,CGFSA, SEC/SAV e Ancine) não atuam em um ambiente de normalidade democrática.
No caso da Casa de Rui, a situação está em crise desde início da gestão do Roberto Alvim, aquele secretário que se fantasiou de Goebbles e que hoje vive auto-exilado nos EUA com seu nome verdadeiro, Roberto Rêgo Pinheiro.
Alvim foi o responsável pela promoção de Sérgio Camargo à fundação Palmares, do olavista monarquista (e tido por alguns como terraplanista, o que ele nega) Rafael na Biblioteca Nacional, do maestro Dante na Funarte (o que disse que rock levava ao aborto e satanismo), da Letícia na Casa de Rui, do André Sturm na SAV (JAMAIS VAMOS ESQUECER DISSO!) e da alçada de poder do Tutuca e Alex Braga na Ancine, com apoio da Soraya Santos e dos Deputados Daniel Silveira e Raphael Poubel, numa forte ocupação ideológica e fisiológica da agência pelos grupos políticos bolsonaristas e aos que se alinharam. Houve também a ocupação do Iphan, salvo engano por uma influencer de Instagram segundo a imprensa.
O Frias só deu continuidade.
Essa é a situação, que só tende a piorar