Na próxima terça-feira, 27, às 17 horas, será realizado um ato público diante do prédio da Cinemateca Brasileira, na Vila Mariana, em São Paulo, exigindo a reabertura imediata daquela instituição de referência internacional no cinema e no audiovisual. O ato marca os 300 dias de fechamento da Cinemateca, 75 deles já sob orientação direta do governo de Jair Bolsonaro, que retomou as chaves da instituição à Fundação Roquette Pinto em 7 de agosto e até agora não deu nenhum passo no sentido de restabelecer suas atividades.
O silêncio do governo em relação à Cinemateca é, para dizer o mínimo, bizarro. Após retomar o prédio, o governo já firmou diversos contratos para manter os serviços básicos das instalações funcionando ao menos até 28 de dezembro deste ano, contratos que somam mais de R$ 2 milhões. Somente um deles, o de vigilância, firmado com a Garantia Real Segurança, é de R$ 1.335.998,94. Mas não demonstra a menor movimentação para reabrir a Cinemateca ao público e à pesquisa, o que configura, no mínimo, desperdício de dinheiro público.
“Neste ato será exigida a reabertura imediata da Cinemateca que segue sem funcionários e correndo gravíssimo risco de uma tragédia como a que ocorreu com o Museu Nacional”, diz o texto das instituições que organizam o ato de terça-feira, agrupadas no Fórum Paulo Emilio Sales Gomes. “É sabido por todos que o acervo da Cinemateca é composto, em parte, por filmes em nitrato de celulose, material que facilmente entra em autocombustão, algo que já ocorreu por quatro vezes, sendo a última em 2016 e que destruiu 1005 filmes”. Porém, há quatro anos, prossegue o manifesto, havia funcionários especializados que puderam acionar rapidamente a brigada anti-incêndio. “Hoje a Cinemateca está sem seu corpo técnico, essencial para cuidar adequadamente do acervo e evitar tragédias como essa”. Todo o acervo de matrizes em acetato de celulose e em formatos digitais, armazenadas em câmaras climatizadas, correm grande risco de deterioração se as condições de umidade e temperatura não forem monitoradas por funcionários preparados, analisam os signatários.
O ato será composto por um show e haverá ainda a leitura de manifestos de entidades do exterior e daqui. E o microfone estará aberto aos presentes que desejarem se manifestar. Assinam as organizações SOS Cinemateca-APACI; Cinemateca Viva-Mariana em Movimento; Associação Brasileira de Preservação Audiovisual-ABPA e Cinemateca Acesa.