Se para quem escreve biografias de ídolos da música ou do cinema, a tentação de cair em uma espécie de hagiografia já se manifesta quase naturalmente, sobretudo se o biógrafo admirar o biografado, imagine para quem resolve escrever a história de vida de uma liderança religiosa…
A jornalista Ana Helena Tavares assumiu a tarefa de contar a trajetória de Dom Pedro Casaldáliga, bispo catalão que desde o final da década de 1960 reside em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso – é bispo emérito da Prelazia do lugar.
Nas pouco mais de 200 páginas de “Um bispo contra todas as cercas – A vida e as causas de Pedro Casaldáliga” [Gramma Editora, 2019, 220 p.], ela reconta as fase de vida do missionário, entre a infância na Catalunha, suas inclinações para a religião, as ordenações como padre e bispo, uma rápida passagem pela África, onde revelou que era onde gostaria de morrer, a luta contra a ditadura militar brasileira e, expoente da Teologia da Libertação, contra a ala conservadora/reacionária da Igreja Católica, até o martírio em vida, entre uma cadeira de rodas e o “irmão Parkinson”, como o bispo chama o mal que lhe acomete, sem nunca perder o bom humor.
Não faltam depoimentos do bispo, de quem conviveu com ele na Prelazia de São Félix do Araguaia e noutros espaços, além de autoridades eclesiais e políticas. Se vez por outra nos deparamos estar diante de uma hagiografia, é por que a opção de Casaldáliga foi seguir o exemplo de Jesus Cristo, evangelizando pelo exemplo, com humildade e sem preconceitos.
Casaldáliga sempre se recusou a usar os símbolos de luxo e ostentação que indicariam que ele mesmo é uma autoridade. Sempre em mangas de camisa, em garupas de bicicleta, lombos de cavalos ou carros sem qualquer luxo – não à toa o símbolo da Prelazia é um par de sandálias –, percorreu seus caminhos em desobrigas pelo Brasil profundo, sendo respeitado mesmo por seus inimigos.
Mesmo ateus, não-católicos ou ex-católicos, certamente tirarão lições das lições de Casaldáliga. Se por um lado a Igreja Católica tem problemas de corrupção, pedofilia e machismo, vez por outra noticiados ao público em geral através dos meios de comunicação, por outro tem mártires do quilate de Dom Oscar Romero, Padre Josimo Tavares ou a Irmã Dorothy Stang, cujos sangues derramados ajudou a potencializar as causas por que lutavam.
Em meio a isso tudo, há Dom Pedro Casaldáliga, que poderíamos chamar de mártir vivo, tendo escapado da morte algumas vezes. O subtítulo do livro parece esquecer-se de propósito ter sido ele mesmo uma cerca em diversas ocasiões, evitando (ou ajudando a diminuir) o número de mortes de camponeses e indígenas, ante o avanço do latifúndio (e) do agronegócio.
A obra é fartamente ilustrada por imagens de arquivo, sobretudo da Prelazia de São Félix do Araguaia: Casaldáliga sempre demonstrou bastante preocupação em documentar seu trabalho, não por vaidade, mas para vez ou outra, talvez, provar a própria inocência, em perseguições da ditadura militar brasileira ou das autoridades do Vaticano – ambas tentaram expulsá-lo do Brasil, chegando a indagações estapafúrdias como a de o que um bispo teria a ver com reforma agrária.
Casaldáliga é fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), braços sociais da Igreja Católica que atuam na luta pelo direito à terra e pelos direitos dos povos indígenas, graças a cujos esforços foi garantida a inscrição destes na Constituição Federal de 1988.
Ana Helena Tavares revela, na Introdução do trabalho, que a primeira vez que ouviu falar em Dom Pedro Casaldáliga foi no início de 2012, por intermédio de Dom Waldyr, então bispo emérito de Volta Redonda e Barra do Piraí/RJ, que ela entrevistava para um de seus livros anteriores, sobre a ditadura militar brasileira. Pode parecer demorado, já que apenas no Brasil o bispo já tinha mais de 40 anos de atuação. Mas a biógrafa é jovem, carioca nascida em 1984.
O que importa, de fato, é ela ter se debruçado sobre a história deste homem, poeta e profeta imprescindível, um dos autores, ao lado de Pedro Tierra (pseudônimo do poeta Hamilton Pereira) e Milton Nascimento, da “Missa dos Quilombos” (inicialmente censurada pela Igreja Católica e depois gravada em disco em 1982). A obra conta com depoimentos de, entre outros, Frei Betto e Leonardo Boff, além do próprio biografado.
Um livro imprescindível, como as próprias causas a que Dom Pedro Casaldáliga dedicou a vida, nele recontada.
Conheci Dom Pedro Casaldagia em 1990. Início do governo Collor. Impressionou-me , de cara, a simplicidade de um gigante tão propalado em nossas rodadas pastorais. Dois aprendizados: um mártir entre os tantos mártires (mortos ou nao) da sofrida América Latina, ele que destas destas terras era filho; e a missa regada a pão dormido e cachaça, na falta de hóstia e vinho. Poucas pessoas tiveram tamanho impacto em minha existência. Meu evangelizador pelo exemplo.
Grande Gil! Lembro de seus comoventes depoimentos acerca da figura de Casaldáliga. Abraço!
Dr. Zema, faça uma pesquisa no perfil dos sacerdotes que caíram no crime e pecado da Pedofilia a nível mundial e nacional.
Elabore um gráfico ou algo do tipo e veja quantos deles DEFENDEM A MISSA EM LATIM, quantos deles andam rigorosamente de batina, quantos deles DEFENDEM os Dogmas da Igreja, quantos deles falam em Rosário, Devoção e Salvação das almas.
Faça essa pesquisa e tire suas conclusões.
” TÁ OLKEI”?
Paulo Rogério da Silva Oliveira
Dr. Zema Ribeiro, faça o seguinte exercício:
pesquise os perfis dos sacerdotes que caíram no crime e no pecado da Pedofilia, tanto a nível mundial quanto a nível nacional.
Depois disso, veja o seguinte: quantos deles defendiam a MISSA EM LATIM ( TRIDENTINA ), quantos andavam rigorosamente de batina, quantos falavam em Devoção, Rosário e Salvação das Almas, quantos pregavam a Confissão e o arrependimento.
Faz essa pesquisa.
“Tá okey”?
Casaldáliga é um modernista revolucionário.
Só olha para o Céu para abrir o guarda-chuva.
Por causa de gente como ele que os pentecostais cresceram.
É um ( chinfrim ) professor de Sociologia se passando por Sacerdote.