O fotógrafo de cinema Lauro Escorel filmou o documentário Fotografação com uma questão que o inquietava: como a humanidade será lembrada a partir da miríade de selfies e imagens captadas diariamente por bilhões de pessoas no mundo. A fotografia está em transformação profunda, bem como a comunicação em geral. A tecnologia e os costumes sociais caminham juntos na construção do que conseguimos percebemos hoje. Mas, em busca de uma resposta, Escorel remonta às origens da fotografia no Brasil. É um resgate histórico, didático e reverenciador de grandes nomes, como Marc Ferrez e Augusto Malta, no século XIX, Mário de Andrade no nascimento do Modernismo (leia mais sobre Mário de Andrade aqui e aqui), e a geração posterior, incluindo Pierre Verger, Marcel Gautherot, José Medeiros e Hildegard Rosenthal.
Fotografação, é bom antecipar o spoiler, não consegue responder à questão central, mas isso não reduz a sua importância. É difícil, senão impossível, fazer conexões entre a arte singular produzida por grandes fotógrafos e a infinita sanha de captar imagens digitais da sociedade contemporânea. Escorel trabalhou ao lado de Leon Hirszman, Cacá Diegues e Hector Babenco e não nega ter sido influenciado pelos profissionais da fotografia impressa.