Aos 89 anos, a fotógrafa e cineasta anglo-brasileira Maureen Bisilliat apresenta sua faceta audiovisual no Instituto Moreira Salles (Avenida Paulista, 2424), a partir deste dia 15. Fazendo vídeos desde os anos 1980, a artista reuniu extratos de 12 registros numa instalação, que batizou como Agora ou Nunca – Devolução: Panoramas Audiovisuais de Maureen Bisilliat, concebida por ela e por Rachel Rezende. Também serão exibidos o documentário Equivalências: aprender vivendo, sobre sua carreira, e uma seleção de fotografias.
Profissional de interesses etnológicos que não têm fronteiras, indo da Costa do Marfim ao Recôncavo Baiano, do Alto Xingu à Vila Madalena, Maureen nasceu em Eglefield, Surrey, Inglaterra, em 1931, e chegou ao Brasil em 1952, naturalizando-se em 1963. Estudou artes plásticas e escolheu a fotografia como forma primordial de expressão. O material em exibição consiste também em um rasante pela vida da fotógrafa, resgatando encontros de sua trajetória, como o de Maureen e Juceniro Rui de Jesus, fotografado por ela na Mangueira, Rio de Janeiro, em 1967. Maureen, que tem interesse pela conjunção entre fotografia e a literatura de João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Jorge Amado, é autora do livro Sertões: Luz e Trevas (1982, reeditado em 2019 pelo Instituto Moreira Salles), que alterna trechos de Os Sertões, de Euclides da Cunha, e flashes do cotidiano da região Nordeste.
De seu trabalho com os índios do Xingu resultaram exposições e publicações, como Xingu/Território Tribal, em coautoria com os irmãos Villas-Bôas, de 1979, além do documentário Xingu/Terra, de 1982. Ao lado de Darcy Ribeiro, criou o Acervo de Arte Popular Latino-Americana, que deu origem ao Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina (inaugurado em 1989), do qual foi diretora. Em 2003, o IMS adquiriu seu acervo fotográfico, com 16.251 imagens, publicando, em 2009, o livro Fotografias: Maureen Bisilliat.
