Walter Franco (6/1/1945-24/10/2019) ficou mais conhecido por “Vela aberta”, hit que nos anos 1980 tomou o dial brasileiro e até hoje é relativamente bem tocado em programas de flashback. Chegou a participar do infantil “A arca de Noé”, em que diversos artistas interpretavam composições de Vinicius de Moraes. Ele cantava “O relógio” – de que me reaproximei graças a José Antonio. Chico Buarque gravou “Me deixe mudo” em “Sinal fechado” (1974). Em “Vitrola alquimista” (2003), a mineira Patrícia Ahmaral, que completa 20 anos de carreira este ano, regravou sua “Misturação” (1973).
Mas Walter Franco estava longe de ser um artista popular. Após a interpretação de “Canalha”, no festival da TV Tupi, em 1979, um grito contra aquela ditadura, a de 1964, seria selado com o rótulo de “maldito”, que o colocava ao lado de pares como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e Sérgio Sampaio, os dois primeiros, como ele, também tidos como vanguardistas.
O essencial de sua produção fonográfica concentra-se na década de 1970, quando lançou os dois primeiros álbuns, “Ou não” (1973) e “Revolver” (1975). A estes, seguiriam-se mais quatro discos, em obra cada vez mais esparsa, justificada pela inadequação do artista aos ditames do mercado. O último álbum é “Tutano” (2001), que sucedeu “Walter Franco” (1982).
Eternamente inquieto, apesar de menos ouvido e conhecido do que deveria e merecia, Walter Franco deixou quase pronto o disco “Listen – ResiLIência e ReSISTÊNcia”, que vinha sendo gravado desde o ano passado com o filho Diogo Franco.
Walter Franco faleceu nesta madrugada, aos 74 anos. Estava internado há três semanas, após sofrer um AVC.