A meditação em movimento

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Apresentação da cia Sankai Juku, no Teatro Alfa

Pela primeira vez, o dançarino e coreógrafo Ushio Amagatsu não sobe ao palco com a Sankai Juku, a companhia que ele fundou em 1975. Pertencente à segunda geração de dançarinos do butô, dança conceituada pelos míticos Kazuo Ohno e Tatsumi Hijikata, Amagatsu preocupa-se em abrir passagem para a nova geração com Arc – Chemin de Jour. O espetáculo, penúltima atração da temporada de dança do Teatro Alfa, em São Paulo, evoca a passagem do tempo com artistas de diferentes gerações.

O butô foi uma das formas que artistas japoneses encontraram para buscar uma identidade e se contrapor à ocupação norte-americana no pós-guerra. Em meio à ameaça de uma ocidentalização, as diferentes manifestações artísticas procuraram reavivar a singularidade da cultura japonesa. Inspirada no minimalismo do teatro e na expressividade do kabuki, a dança butô incorporou a estética zen, criando uma espécie de meditação em movimento. 

Em Arc – Chemin de Jour, essa linguagem é revelada em diferentes coreografias por oito bailarinos que vestem apenas longas saias e têm os corpos pintados de pó branco. Por meio de sete estações, ou sete pinturas contemplativas, o espetáculo alterna as formações entre solos, duetos e grupos maiores. Em um dos movimentos, um quinteto suspende os braços lentamente sugerindo o fluxo das ondas em um mar calmo. Em outro, as marcas deixadas por eles na caixa de areia quadrada no palco faz lembrar os jardins de pedra zen do Japão. Cada performance faz emergir reflexões sobre o tempo e a morte, a lentidão, o minimalismo e a estética meditativa.

ARC – Chemin de jour. Com a Cia Sankai Juku. No Teatro Alfa, 28 e 29 de setembro. Ingressos a partir de 75 reais.
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