Lô Borges & Nelson Angelo

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Retrato: João Diniz
Retrato: João Diniz
Disco de Lô Borges – Rio da Lua

Em impressionante forma vocal, Lô Borges lança “Rio da Lua” [Deck, 2019], em que musica 10 letras de Nelson Angelo. É um reencontro com inevitável sabor de Clube da Esquina, com canções falando de amor, viagens, poesia e… canções.

Lô Borges (voz e violões) está escoltado pelo irmão Telo Borges (pianos e teclados) mais Henrique Matheus (guitarras), Thiago Corrêa (contrabaixo) e Fernando Monteiro (bateria). Todas as faixas são candidatas fáceis a hits de rádio, o que aproxima “Rio da Lua” de clássicos como “Clube da esquina” – que dividiu com Milton Nascimento – e o “disco do tênis”, ambos lançados pelo mineiro em 1972.

Além do tempo, cuja letra diz “Além do tempo, o amor/ uma ideia infinita/ pode trazer, pode levar/ o elo há tanto perdido”, parece dialogar diretamente com quem porventura reclamasse do mineiro viver dos sucessos do passado – resta saber se o fã-clube e programadores de rádio estão dispostos a ouvir e fazer conhecer este novo Lô Borges.

“Avançar o sonho para clarear/ coisa de buscar um lugar melhor”, canta em Foto 3×4, que soa antenada com o dever do artista em tempos tenebrosos, para arrematar: “faça forte o seu pensar/ pode ser a última saída”.

O conselho se repete em Profeta, que fecha o disco, o personagem-título anunciando “o final de um ciclo”, entre tristeza e esperança: “faça e não espere mais/ sem gemidos, sem eus/ pare de pensar e ouça/ pare de pensar e sinta/ o que virá”.

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