No palco, pouco antes das 18h do sábado, ontem, já estavam lá os violonistas Luizão Bueno, paulistano, 60 anos e Fernando Melo, alagoano de Arapiraca, 56 anos, o célebre Duofel, acompanhados do baterista Carlos Ezequiel, do baixista Zéli Silva e do saxofonista JP Barbosa, que tocou com Cincado e Filó Machado.
Aos poucos, foram juntando-se a eles outros músicos e tomando conta dos instrumentos no palco. A música não parava. Guto Brambilla, contrabaixo acústico, integrante do grupo RdT, assumiu o baixo. Josué dos Santos, saxofonista da Banda Mantiqueira, formou com a seção de metais. Tocaram A Rã, de João Donato e Caetano Veloso, e foram emendando música em música numa jam session sem fim.
Era o primeiro ato do movimento Música Instrumental Pela Democracia, convocado pelos músicos de São Paulo, que reivindica “uma gestão responsável da Cultura por parte das administrações públicas” federal, estadual e municipal”, além de protestarem contra o desmonte das orquestras brasileiras e o aparelhamento político do Ministério da Cultura, levado a cabo pelo talvez mais inabilitado cidadão que já pisou aquele gabinete desde a redemocratização do País.
“A cultura passou a ser criminalizada, o artista voltou a ser chamado de vagabundo. É um retrocesso imenso. E essa ideia dos gestores, de tirar a grana da cultura para dar a outra pasta que dizem que necessita mais é conversa mole, a gente não cai nessa. O direito à cultura está na Constituição”, disse o baterista Carlos Ezequiel.
“Se a gente der as costas para os saqueadores, eles chegam mesmo”, disse Ezequiel. Eles agradeceram ao local que os abrigava, o Jazz nos Fundos, e ao seu proprietário, Max, por reconhecer a legitimidade da demanda. “Não deixa de ser um evento político, e ele não nos fechou as portas”, afirmou Ezequiel. “Muitas casas têm receio. Eles têm coragem. Estamos buscando um lugar desde setembro do ano passado, e chegamos a ir ao Centro Cultural São Paulo, mas fomos vetados”.

O Jazz nos Fundos lotou, havia gente da Banda Sinfônica do Estado, que teve todos seus 64 músicos demitidos pelo governo Alckmin na última quinta-feira. Mas foi só um primeiro ato. Os músicos pretendem fazer um a cada mês, a partir de agora. “Músico tem fama de ser desarticulado”, disse Ezequiel, orgulhoso por ajudar a demonstrar o contrário.
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