buika em foto de javier rojo

Diva de Almodóvar, a cantora Concha Buika está de volta com um disco novo, Vivir sin Miedo (lançamento Warner Music Brasil). Ela esteve no Brasil no ano passado (tomamos um café em Higienópolis), e planeja regressar em 2016. Vivir Sin Miedo, que mescla canto em inglês e espanhol, tem 10 canções (9 são composições dela) e é o trabalho mais pop e com pinta de tocar no rádio que Buika já fez (conta com participações de Jason Mraz e Meshell Ndegeocello, além do lendário cantor de flamenco Potito).

A cantora mantém a marca de afrobeat e flamenco características, mas também envereda pelo ragga, pelo jazz e pelo folk. A única música que não é dela foi composta pelo produtor Martin Terefe (que trabalhou em discos de Coldplay e Mary J. Blige). Ontem de tarde, Buika conversou por telefone, desde Madri, com El Pajaro que Come Piedra, a respeito de seu novo momento.

Você tem uma música chamada Cidade do Amor no seu novo disco. Ela possui o verso “this big city is a jungle of love” (“essa grande cidade é uma selva do amor”). É uma música para São Paulo, não é?

Sim.

E por que você dedicou uma música para São Paulo?

Eu quis dedicar uma canção aos ritmos das cidades. Quando estive em São Paulo e no Rio de Janeiro, essas suas cidades me impressionaram pela sua cadência, sua vitalidade particular. São cidades que vibram. Por isso, dei o título da canção em português, embora seja cantada em inglês. É de fato um tributo às suas cidades.

Pode-se dizer também que esse é seu disco mais americano, certo?

Não é verdade. Eu canto em inglês nesse disco porque quis também homenagear esse idioma, que hoje é universal, fala-se o inglês em qualquer parte do mundo. Também é uma língua muito bonita. Mas é americano só no idioma, o resto é igual. Sou filha de mãe africana, me criei entre a Espanha e o resto do mundo. Tudo isso é parte da minha música.

Há também no disco um reggae chamada Carry On Your Own Weight, cantada em parceria com o cantor Jason Mraz. Essa me lembrou Neneh Cherry e Youssou N’Dour cantando 7 Seconds. Você fez parceria com Mraz por afinidade ou o quê?

Essa canção era do meu produtor, que trabalhou no meu disco anterior. Era uma melodia muito bonita, mas faltava uma parte. Eu a compus. Ficou faltando ainda algo mais. Eu saí em turnê e, quando voltei, houve esse encontro com Jason, e ele acabou encaixando muito bem. Foi uma união de forças muito bonita.

Você lembra de 7 Seconds, da Neneh Cherry?

Recordo vagamente que era uma canção da minha infância…

Está me chamando de velho?

Hahahahahahahahaha. Não. Os que somos velhos somos nós, não as canções. Boas canções não têm idade. Se pareceu que te chamei de velho, não foi a intenção… Hahahahahahaha

Você tem também um verso na canção-título do disco, Vivir sin Miedo, que evoca Alicia Keys, “this girl is on fire”…

Não agrada a ninguém ser comparado a quem quer que seja. Eu quero pensar que todos sonhamos em sermos únicos e insubstituíveis. Conheço Alicia Keys e a única coisa que nos aproxima é que ela é uma mulher, além de ser muito simpática e bela. Mas “girl is on fire” é uma frase muito recorrente, já era usada largamente muito antes de existir Alicia Keys. É como pensar que quando eu canto “i Love you” eu estou citando alguém…

Creio que o seu maior hit até hoje foi Mi Niña Lola. Mas esse novo disco está cheio de hits potenciais. Foi algo deliberado, você buscou canções que possam ser muito tocadas e muito ouvidas?

Creio que existem os artistas que buscam hits, mas eu não sou buscadora de nada. Nem faço psicanálise porque não estou à procura de nada. Escuto a música em minha cabeça o tempo todo, e então eu canto e gravo. Sou apenas uma fotógrafa de sons.

Você compôs músicas como Sister, que é uma balada acústica que lembra Joan Baez, e tem The Key, que é mais jazzística, uma canção orientada pelo piano. Você foi inspirada por outras cantoras, tipo Sarah Vaughan, Billie Holiday?

Reconheço que eu jamais estudei muito outras cantoras. O trompete sempre foi o instrumento no qual eu prestei atenção. Não sei dizer porque me identifiquei mais com o trompete. Se eu pudesse escrever uma partitura, escreveria para trompete. É um instrumento que considero como um ganso, um grasnar que voa muito acima do seu registro. Eu já quis ser baterista, mas o instrumento que sempre me fascinou foi o trompete.

E há a canção Si Volvere, que é mais aflamencada, tem cajón e parece mais sua produção anterior.

Si Volvere é mais afro, é puro ritmo. É uma música que eu dedico a todas as pessoas que me ajudaram, que sempre estavam lá quando eu as procurava. É para essas pessoas que eu tenho em meu coração, e que sempre terei. Provavelmente levarei esse disco no ano que vem ao Brasil, ainda não sei o mês. Vamos iniciar a turnê européia e em seguida vamos para essa parte do mundo.
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